O Óleo Essencial de Alecrim (Rosmarinus officinalis) QT Cânfora
Apresentamos a seguir informações sobre a composição, propriedades e indicações terapêuticas, contraindicações, curiosidades e estudos científicos das ações do óleo essencial de alecrim (Rosmarinus officinalis) quimiotipo cânfora.
Descrição botânica da planta: Subarbusto muito ramificado com folhas sempre verdes, o alecrim tem seu habitat preferido nas encostas marítimas. Alcançando a altura de mais de um metro, tem folhas em formato de agulhas largas semelhantes às das coníferas, resistentes, com bordas enroladas para baixo e recobertas de uma penugem esbranquiçada na face inferior que serve para evitar a evaporação de água; são mais ou menos verticiladas ao longo de ramos lenhosos e marrons. Em um mesmo terreno as flores podem ser azuis claras, lilás claras e às vezes brancas e ficam agrupadas ao longo dos ramos. O alecrim tem a particularidade de florescer durante todo ano sucessiva ou intermitentemente conforme a região e o clima. É uma planta pouco exigente e prefere locais ensolarados e secos.
Composição do óleo essencial:
Cetonas terpênicas: 30% (cânfora)
Óxidos terpênicos: 30% (1,8 cineol)
Terpenos: 35% (pinenos, canfeno)
Álcoois terpênicos: 5% (borneol, linalol, alfa-terpineol)
Propriedades e indicações terapêuticas: o óleo essencial de alecrim é descontracturante, miorrelaxante, mucolítico, lipolítico, colerético, colagogo, emenagogo, estimulante, tonificante, antiespasmódico, cardiotônico e antidepressivo. Por isso pode ser utilizado para tratar mialgia, fibromialgia, fraqueza cardíaca, amenorréia funcional, oligomenorréia, menstruação dolorosa, hipercolesterolemia, sobrepeso. Também é estimulante da circulação do couro cabeludo podendo assim prevenir queda de cabelos.
A cânfora possui ação antimicrobiana, antipruriginosa e analgésica suave (uso tópico), sendo útil em tratamentos de dores musculares e articulares, reumatismo, tendinite, contusões e inflamações de articulações. O 1,8 cineol tem ação antimicrobiana, antisséptica, expectorante e sedativa. O pineno e o canfeno tem ação antimicrobiana.
Na medicina ayurvédica, este óleo por ter energia quente e seca, pacifica kapha e vata, porém tem efeito de aumentar pitta.



Contraindicações: por causa da toxicidade comprovada das cetonas, está proibido o uso desse óleo essencial em bebês, bem como em mulheres durante todo o período de gestação e amamentação. Também não deve ser utilizado por pessoas com epilepsia. Para pessoas hipertensas, deve ser usado com cautela.
Curiosidades: a cânfora é uma molécula já reconhecida e há muito tempo é mencionada nas farmacopéias. Por sua ação mucolítica na esfera pulmonar, faz parte dos ingredientes da pomada Vick Vaporub® e por sua ação analgésica também compõe o bálsamo do Tigre. Os esportistas conhecem as propriedades da cânfora para aliviar cãibras, mas ela também facilita a eliminação dos cristais de ácido lático que justamente favorecem as câimbras quando em concentração alta. Desde os tempos antigos o alecrim tem sido associado à melhoria da memória, sendo usado para perda de motivação, baixa concentração, falta de foco e depressão.
Estudos:
Abaixo apresentamos os resultados de alguns estudos científicos que foram realizados com o óleo essencial de alecrim, os quais foram citados nas bibliografias consultadas.
1) A massagem com o óleo de alecrim demonstrou que ele pode elevar os níveis de atenção, alerta, vivacidade e alegria ao passo que aumenta as taxas de respiração e pressão arterial.
2) O alecrim promove o aumento do nível de vigilância, mas esse efeito é de curta duração; porém pode melhorar a velocidade e a precisão em estudos de matemática. O perfil dos efeitos do alecrim é semelhante ao dos efeitos da administração de oxigênio e de alta administração de ginseng.
3) Os constituintes (1,8 cineol) absorvidos do alecrim afetam a cognição e o estado subjetivo independentemente, através de diferentes caminhos neuroquímicos.
4) O uso de aromatização de óleos essenciais de lavanda (Lavandula angustifolia) e alecrim (Rosmarinus officinalis) em ambientes em que se encontravam crianças com déficit de atenção, mostrou que houve aumento no estado de relaxamento por indução da atividade do lobo frontal esquerdo cerebral, melhora no estado de satisfação e humor, aumento do estado de alerta e melhora da concentração e memória.
5) Aplicações em manobras de fisioterapia com óleos ricos em cânfora produziram efeitos positivos para alívio da dor em articulações ou no pós-operatório e aumento do ângulo de flexões em articulações como joelhos e cotovelos.
6) Estudos demonstraram atividades antibacterianas na sálvia e alecrim e os compostos aos quais podem ser atribuídas tais atividades são: borneol, 1,8-cineol, pineno, canfeno e cânfora.
7) Em óleos essenciais de alecrim, de diferentes partes do Egito, foi encontrada adequada atividade inibitória contra Candida albicans, Cryptococcus neoformans e Mycobacterium intracellularae. A atividade relativamente alta contra fungos sugere uso potencial em tratamentos de meningite e em pneumonia causadas por C. neoformans, bem como para o tratamento de infecções cutâneas e diarréia provocadas por Candida albicans e para o tratamento de infecções sistêmicas causadas por Mycobactericum intracellularae em pacientes com AIDS.
8) O 1,8-cineol aumenta o fluxo sanguíneo e a atividade cortical tanto em mulheres saudáveis, como anósmicas.
9) Num estudo com 20 voluntários, observou-se um aumento significativo na pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória após a inalação do óleo de alecrim. Os indivíduos relataram se sentir mais ativos e com uma sensação de frescor. Análises de eletroencefalograma mostraram uma redução nas ondas alfa 1 (8-10.99 Hz) e alpha 2 (11-12.99Hz). Por outro lado, houve um aumento das ondas beta (13-30 Hz) na região anterior do cérebro. Esses resultados confirmam os efeitos estimulantes do óleo de alecrim e fornecem elementos de prova de que a atividade das ondas cerebrais, a atividade do sistema nervoso autônomo, bem como estados de humor são todos afetados pela inalação deste óleo essencial, que favorece a concentração e reduz o cansaço.
Referências:
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
LASZLO. Confirmado, alecrim é o óleo dos estudantes. Jornal de Aromatologia. Belo Horizonte, p.4. ago. 2015.
MILLER, Light; MILLER, Bryan. Ayurveda & Aromatherapy: The Earth Essencial Guide to Ancient Wisdom and Modern Healing. Twin Lakes: Lotus Press, 1996.
PORTE, Alexandre; GODOY, Ronoel Luiz de Oliveira. Alecrim (Rosmarinus officinalis L.): propriedades antimicrobiana e química do óleo essencial. Boletim Centro de Pesquisa de Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 19, n. 2, p. 193-210, dez. 2001.
RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
WOLFFENBÜTTEL, Adriana Nunes. Base da química dos óleos essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e científica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
Por Edna Caliari Boni em 24/06/2020