Óleo vegetal de Mamona (Ricinus communis)

A Ricinus communis L., é conhecida de maneira popular como mamona, mamoneira, carrapateira dentre outros. É uma planta arbustiva típica de climas tropicais. O seu fruto consiste em uma cápsula com espinhos contendo geralmente três sementes. Estas sementes por sua vez são processadas apresentando muitas aplicações, dentre a mais importante para a área da saúde, a produção do óleo de rícino.
Há dúvidas sobre a origem da mamona, dado a ampla disseminação, fácil adaptação e ao estabelecimento como planta nativa em vários países, tendo relatos sobre esta planta desde a mais remota antiguidade.
No Brasil a mamona (Ricinus communis L.) é utilizada desde a era colonial, quando dela era extraído o óleo para lubrificar os inúmeros engenhos de açúcar. É uma planta resistente à seca, forte calor e luminosidade. É considerada uma oleaginosa de grande valor econômico em razão de sua vasta possibilidade de uso na área industrial
O óleo obtido da semente da mamona consiste em um líquido espesso, muito viscoso, cuja cor varia, de incolor ao amarelo-escuro, com sabor e cheiro variados. Para fins medicinais, há uma mudança na forma de extração, esse óleo é prensado a frio, obtendo-se por meio disso, um óleo límpido, incolor e brilhante, com baixo teor de acidez e impurezas, e o mais importante, livre de ricina.


A tabela a seguir mostra a concentração dos ácidos graxos presentes no óleo de mamona (rícino) (Fonte: Cruz e Silva, 2017).

Entre os esteróis já identificados no óleo de mamona estão o Beta-sitosterol, stigmasterol e campesterol. Também há a presença de tocoferóis, representados principalmente pelo alfa-tocoferol que apresenta maior atividade biológica com potencial vitamínico e poder antioxidante.
Na área da saúde é tradicionalmente conhecido como agente laxativo quando administrado por via oral, pois possui propriedades purgativas. Também tem a capacidade de penetrar facilmente na pele. Compressas de óleo de rícino são utilizadas para reduzir inflamações e melhorar a assimilação intestinal. Estimula fígado, vesícula e cólon, melhorando a circulação linfática e favorecendo o sistema imunológico. O ácido ricinoleico absorvido é convertido em prostaglandinas, colaborando para evitar distúrbios menstruais, artrites, pressão sanguínea alta.
Também pode ser usado como base para a fabricação de cosméticos e muitos tipos de drogas farmacêuticas.
Estudos com o óleo:
Apresentamos a seguir alguns estudos publicados sobre o óleo de rícino.
Ação Antimicrobiana:
Em 2016 foi publicado um estudo em que o óleo de sementes de R. communis apresentou 60% de atividade contra Escherichia coli e 72% de atividade contra Staphylococcus aureus, além de demonstrar atividade moderada contra Aspergillus niger (AZIZ et al, 2016).
Cicatrização:
Com o objetivo de avaliar a atividade cicatrizante do óleo de rícino em termos de porcentagem de fechamento da área cicatricial e epitelização na ferida de excisão modelo, foi publicado em 2012 um estudo. O óleo de rícino mostrou atividade cicatrizante, reduzindo a área da cicatriz e também o tempo de epitelização em modelo de ferida de excisão. A comparação estudo de duas concentrações diferentes (5% p/p e 10% p/p) de óleo de rícino resultou que a pomada de óleo de rícino 10% p/p possui melhor propriedade de cicatrização de feridas (JENA & GUPTA, 2012).
Constipação:
Em sua publicação, Rana et al(2012), afirma que o óleo de rícino é um purgativo suave, eficiente e bem adaptado para lactentes e crianças pequenas, sendo um dos mais seguros e mais confiáveis purgativos que possuímos para o alívio da constipação.
A atividade laxante é atribuída ao ácido ricinoleico, pela propriedade que possui em destacar das paredes do intestino uma camada protetora de lecitinas. No intestino delgado as lipases pancreáticas hidrolisam o óleo a glicerol e ácido ricinoleico, que é um forte surfactante aniônico, favorecendo o acúmulo de água e eletrólitos na luz intestinal e estimulando o peristaltismo. Possui ação laxativa
suave e segura, apresentando efeito após 3 a 4 horas da sua administração, não produzindo nenhuma irritação intestinal, a não ser uma ligeira hiperemia (DARROZ et al 2014).
Tônico capilar:
O óleo de rícino é amplamente utilizado para a produção de tônico para cabelo, pois fornece nutrição ao cabelo e ao folículo capilar, possui propriedades antifúngicas que limpam o couro cabeludo, restauram e promovem a manutenção dos fios de cabelo. A síntese de um tônico capilar com o emprego deste óleo vegetal proporcionaria em tese um produto com atividade antimicrobiana, vasodilatadora para crescimento folicular e hidratante, ofertando, assim, em um único cosmético as propriedades terapêuticas mais desejadas no âmbito capilar (SILVA & SANTOS, 2021).
Em estudo publicado em 2018 foi comprovado o efeito do óleo de rícino como tônico capilar, onde o tônico à base de óleo de rícino foi eficaz para o crescimento capilar, quando utilizado por ao menos sessenta dias, não apresentando efeitos colaterais (MIRANDA, 2018).
Referências:
AZIZ, S. et al. Phytochemical and Biological Screening of Riccinus communis Seed Oil Grown Wild in Jammu & Kashmir. Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, 5(3), p. 89-92, 2016.
CRUZ e SILVA, Yago Mateus Gomes da. Aplicabilidade do óleo de rícino na indústria farmacêutica: revisão bibliográfica. Monografia (Curso de Graduação em Farmácia). Centro de Educação e Saúde. Universidade Federal de Campina Grande. Cuité, 2017.
DARROZ, J. V. et al. Utilização de fitoterápicos no tratamento de constipação intestinal. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 18, n. 2, p. 113-119, maio/ago. 2014.
JENA, J.; GUPTA, A. K. Ricinus Communis Linn: a phytopharmacological review. International Journal of Pharmacy and Pharmaceutical Sciences, v. 4, n. 4, p. 25-29, 2012.
MIRANDA, Thalita Francisco. Eficácia do óleo de rícino (Ricinus communis) no crescie,nto capilar. Trabalho de conclusão de curso (Ciências Biológicas). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco. Luz, 2018.
RANA, M. et al. Ricinus communis L. – A Review. International Journal of PharmTech Research, v. 4, n. 4, p. 1706-1711, 2012.
SCHENEIDER, Rosana de Cássia de Souza. Extração, Caracterização e Transformação do óleo de rícino. Tese (Doutorado em Química). Programa de pós Graduação em Química. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.
SILVA, L. S. S.; SANTOS, J. S. Applicability of vegetable oils in hair tonics: a review. Research, Society and Development, v. 10, n. 15, p. e124101522725, 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v10i15.22725
Por Edna Caliari Boni em 06/04/2022