Óleo vegetal de Macadâmia (Macadamia integrifolia)
A macadâmia é uma árvore originária da Austrália. Hoje em dia, é cultivada especialmente na Austrália e no Havaí, e em menor escala na África, na América Central e na Califórnia. Na América do Sul, a planta encontrou boas condições de aclimatação na vasta área que vai desde o sul da Bahia, no Brasil, até o Uruguai.
Seu óleo vegetal é obtido por prensagem de suas sementes, apresenta coloração amarelo claro, cristalino, com sabor suave e agradável e possui um alto teor de triglicerídeos, sendo que aproximadamente 80% destes são ácidos graxos monoinsaturados, 12% de ácidos graxos saturados e 4,0% de ácidos graxos poliinsaturados. A composição do óleo é demonstrada a seguir em tabela.
A grande diferença deste óleo é que ele contém um ácido graxo raro no mundo dos óleos, que é o ácido palmitoléico (ômega 7) e que neste óleo é encontrado em teores de 16-23%. O ômega 7 é naturalmente encontrado na secreção sebácea natural da pele, principalmente nos bebês, crianças e adolescentes, mas com o passar dos anos vai diminuindo. Ele é muito importante para diminuir o envelhecimento celular e da pele, pois promove uma diminuição da inflamação e da formação das metaloproteinases associadas à degradação do colágeno e elastina, que tornam a pele flácida e envelhecida. Além disso, protege os lipídeos da pele contra a peroxidação, inibindo a formação de radicais livres, sendo um dos principais responsáveis pela hidratação e prevenção da perda de umidade da pele, garantindo seu metabolismo e aparência saudável, além de apresentar propriedades regenerativas.
Além de oferecer um poder de hidratação incomparável para os cabelos e a pele, ele também colabora para a redução LDL colesterol (“ruim”), sem reduzir o HDL colesterol (“bom”), pois possui alto teor de ácido oléico (ômega 9).
A tabela mostra a composição de ácidos graxos do óleo de macadâmia (Fonte: Nobre, 2015).



Na tabela vemos a concentração média de tocoferóis (μg/g de óleo) e fitosteróis (μg/g de óleo) em óleos extraídos de castanhas (Fonte: Costa & Jorge, 2011)
Podemos ver pela tabela que o óleo de macadâmia possui uma boa quantidade de α-tocoferol (vitamina E). O alfa-tocoferol é a forma mais comum e apresenta a mais alta atividade biológica (100%), seguido pelo b-tocoferol (50%), g-tocoferol (26%) e d-tocoferol (10%). No corpo humano, previne a oxidação de ácidos graxos poliinsaturados e de componentes lipídicos das células, tendo assim importante papel no melhoramento da função imune e na limitação de incidências e progressão de muitas doenças degenerativas, desordens neurológicas e doenças cardiovasculares.
Também estão presentes nesse óleo fitosteróis, também chamados de esteróis vegetais, que são componentes naturais dos óleos vegetais comestíveis, sendo abundantes no reino vegetal presentes em frutas, sementes, folhas e talos. Assim, os fitosteróis reduzem os níveis de colesterol, possuem propriedades anti-inflamatórias e antitumorais se consumidos regularmente.
Estudos com o óleo
Em matéria publicada em Laszlo (2014), foram citados estudos em que ácido palmitoléico presente no óleo de macadâmia é a única gordura capaz de desestressar o retículo endoplasmático promovendo aumento da sensibilidade à insulina pela supressão da inflamação. Estudos recentes mostraram que a obesidade compromete a função do retículo endoplasmático estressando-o, resultando em resistência à insulina e diabetes do tipo 2. Foi observado que a inflamação e este estresse metabólico ocorrem também no sistema nervoso central, onde é interrompida a atividade do hipotálamo levando-o a criar resistência à leptina (hormônio da saciedade)2, o que acarreta uma fome constante que nunca passa. Isso gera um mecanismo de vício, onde a pessoa come mais para tentar suprir a fome constante e a baixa energética pelo estresse acarretado ao retículo endoplasmático. Tal processo é crítico nas doenças metabólicas crônicas tais como a obesidade, resistência à insulina e diabetes tipo 2, pois influencia no acúmulo e produção de gordura no fígado, na ação da insulina e na síntese de ácidos graxos. Então como o ácido palmitoléico tem ações similares ao hormônio lipocina, ele foi chamado por esse termo.
Em revisão publicada em 2019, foi avaliada a significância dietética e cosmética de várias espécies de plantas que são fontes de óleos de nozes consumidas na dieta diária e também usadas nas indústrias farmacêuticas e cosméticas. Com relação ao óleo de macadâmia os autores verificaram que o mesmo em função de sua composição pode ser usado como suplemento nas dietas alimentares. Na produção de cosméticos, o óleo de macadâmia penetra rapidamente na pele, tem efeito emoliente e influencia a condição e o funcionamento adequado da pele, sendo assim, um componente importante de produtos de reparação da pele, hidratantes, produtos preventivos contra ressecamento excessivo e irritação, além de produtos antienvelhecimento. Pode também pode ser usado em produtos destinados ao branqueamento de manchas escuras, regenerando a pele após exposição excessiva à radiação UV e reduzindo rugas (Michalak & Kiełtyka-Dadasiewicz, 2019).
Em seu artigo de revisão sobre novas plantas utilizadas em cosmética, Kaur et al (2020) cita que a macadâmia pode atuar como um agente antibacteriano contra muitas infecções de pele, e destaca sua propriedades como emoliente, principalmente para a pele seca, bem como a cita como ingrediente adequado para protetor solar e massagens.
Referências:
ABM – Associação Brasileira de Noz Macadâmia. Disponível em: <https://www.abm.agr.br/>. Acesso em: 02 jul. 2021.
COSTA, T & JORGE, N. Compostos Bioativos Benéficos Presentes em Castanhas e Nozes. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde 2011;13(3):195-203.
CURI, Rui et al. Entendendo a Gordura: os ácidos graxos. Barueri: Manole, 2002. 580 p.
FEDALTO, M. B. et al. Composição centesimal e nutricional da macadâmia (Macadamia integrifolia Maiden & Betch) e análise do seu perfil lipídico relacionado à terapêutica. Visão Acadêmica, Curitiba, v.19, n.4, p. 4-18, Out. - Dez./2018.
FERREIRA, Cristiane Pitol Chagas. Noz Macadâmia: Extração, Caracterização do Óleo e Estudo da Biomassa Residual como Fertilizante Orgânico. Monografia (Licenciatura em química). Departamento de Ciências Naturais, Universidade Federal do Espírito Santo. São Mateus, ES, 2015.
FRANÇA, B.H.C. Dossiê técnico – macadâmia – cultivo e produtos derivados. REDETEC - Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro. 2007.
HIRABARA, Sandro M et al. Ácidos graxos na saúde e na doença: influência na genética, nutrição, exercício físico e esporte. Curitiba: CRV, 2015
KAUR, Arashmeet et al. Novel herbs used in cosmetics for skin and hair care: a review. Plant Archives, v. 20, supplement 1, p. 3784-3793, 2020.
LASZLO. Óleo de macadâmia fonte de lipocina: o “hormônio” do emagrecimento. Jornal de Aromatologia. 5ªed., p. 7. Belo Horizonte, jan. 2014.
MICHALAK, M. & KIELTYKA-DADASIEWICZ, A. Nut Oils and their Dietetic and Cosmetic Significance: a Review. Journal of Oleo Science, v.68, n. 2, p. 111-120, 2019. doi: 10.5650/jos.ess18216.
NOBRE, A. C. O., MAGALHÃES, H. C. R., LIMA, J. R. Características físico-químicas e aceitação sensorial do óleo de amêndoa de castanha de caju (Anacardiun Occidentale): comparação com óleos comerciais. Journal of Fruits and Vegetables, v. 1, n.1, p. 1-4, 2015.
Por Edna Caliari Boni em 19/11/2021