Óleo vegetal de linhaça - Natu Donum Aromaterapia

Logomarca Natu Donum
Ir para o conteúdo
Óleo vegetal de Linhaça (Linum usitatissimum L.)

A linhaça (Linum usitatissimum L.) é a semente do linho, planta pertencente à família das Lináceas, que tem sido cultivada há cerca de 4000 anos nos países mediterrâneos. É uma semente com várias aplicações, podendo ser usada como matéria-prima para produção de óleo e farelo.

Há duas variedades de linhaça para consumo: a marrom e a dourada. A cor varia conforme a quantidade de pigmentos no revestimento externo da semente. A variedade de linhaça marrom é cultivada em regiões de clima quente e úmido, como o Brasil, e a dourada, em regiões frias, como o norte dos Estados Unidos e o Canadá.

Linhaça
As duas variedades (marrom e dourada) não apresentam grandes diferenças em sua composição química. No entanto, a linhaça marrom, produzida em maior escala no Brasil, embora tenha menor valor comercial, apresentou maior quantidade de ácidos graxos de cadeia longa com 18 carbonos (como o ácido oleico, o linolênico e o linoleico), além de conter maior quantidade de tocoferóis, maior capacidade antioxidante e maior estabilidade para oxidação.

Os benefícios fisiológicos da linhaça são, geralmente, atribuídos à presença de altas quantidades de ácido graxo α-linolênico (ômega 3), lignanas, fibras ou goma e vitamina E, os quais estão intimamente relacionados à redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis,  à redução do colesterol total e LDL (Low Density Lipoprotein)-colesterol, das doenças cardiovasculares, dos triacilgliceróis, do câncer do cólon, além de exercer efeitos anti-inflamatórios.
Linhaça
O óleo de linhaça, geralmente prensado a frio, tem coloração amarelo-dourado, marrom ou âmbar. Apresenta-se mais viscoso que a maioria dos óleos vegetais por conta do teor elevado de ácidos graxos insaturados (principalmente ômega 3) e apresenta razão ômega-6/ômega-3 de 0,2.

O óleo é um potente agente anti-inflamatório, agindo nas mais diversas fases da inflamação, com seu efeito ocorrendo pela inibição de prostaglandina E2, leucotrienos B4, histamina e bradiquina.

Composição do óleo de linhaça:
Composição ácidos graxos óleo de linhaça
Fonte da tabela composição ácidos graxos: COSTA et al(2020)

Por essa tabela, podemos verificar o alto teor de ômega 3 (ácido linolênico), o qual é um ácido graxo essencial que participa de inúmeros processos no sistema nervoso auxiliando na manutenção da memória e a prevenção de doenças neurodegenerativas. Além disso, promove a imunossupressão, diminui reações de hipersensibilidade e diminui a histamina, sendo portanto útil em processos alérgicos e doenças auto-imunes. Tem grande potencial anti-inflamatório e também diminui os riscos de aterosclerose e trombose. Também encontramos boas quantidades de ômega 9 (ácido oleico) e de ômega 6 (ácido linoleico).

Composição tocoferóis óleo de linhaça
Fonte da tabela composição tocoferóis: BARROSO et al(2014)

Também podemos ver nesta tabela um alto teor de tocoferóis os quais atuam como antioxidantes.

Estudos com o óleo:
Apresentamos a seguir alguns estudos realizados com óleo de semente de linhaça marrom, divididos por ações. Optamos por somente citar estudos que não utilizaram cobaias animais.

Antioxidante:
Em 2020 foi publicado estudo com o objetivo de comparar a composição química e a  capacidade antioxidante das sementes e dos óleos de linhaça marrom e dourada, e avaliar a estabilidade oxidativa dos mesmos. Como resultado  as diferenças observadas nos óleos foram favoráveis ao de linhaça marrom, que apresentou maior conteúdo de C18:0 (ácido esteárico), maior teor de tocoferóis, maior capacidade antioxidante e maior estabilidade oxidativa (BARROSO et al, 2020).

Antibacteriana e antioxidante:
O objetivo deste estudo que faz parte da dissertação de mestrado defendida em 2017, foi otimizar a produção de CLNA (ácido alfa-linolênico conjugado) por meio da isomerização alcalina do óleo de linhaça e avaliar a atividade antioxidante e antimicrobiana in vitro das misturas formadas de CLA (ácido linoleico conjugado ) e CLNA (ácido alfa-linolênico conjugado) A isomerização do óleo de linhaça resultou no surgimento de atividade inibitória principalmente frente aos microrganismos gram-positivos, Staphylococcus aureus (ATCC 14458) e Bacillus cereus (ATCC 11778), sendo maior para a espécie S. aureus, correspondendo a 10 vezes a concentração inibitória mínima da ampicilina, que foi utilizada como droga de referência. As misturas de isômeros formados apresentaram atividade antioxidante (LORSCHEIDER, 2017).

Anti-inflamatória:
O objetivo deste estudo que faz parte de um TCC defendido em 2015, foi avaliar o efeito da suplementação com óleo de linhaça em crianças e adolescentes asmáticos. A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que responde de maneira hiper-responsiva a diferentes tipos de estímulos e envolve vários tipos de células e mediadores inflamatórios. Os eicosanóides são mediadores derivados dos lipídios e a depender do perfil dietético dos ácidos graxos do indivíduo, terão caráter pró ou anti-inflamatório. Dos ácidos graxos poli-insaturados da série ômega 3, incluindo o seu essencial o ácido alfa-linolênico derivam os eicosanoides anti-inflamatórios. O óleo de linhaça é uma excelente fonte de ácidos graxos insaturados, principalmente ômega-3. Assim, estudos que utilizem o óleo de linhaça são interessantes e têm potencial significativo para responderem a questionamentos relativos a doenças de caráter inflamatório. Como resultado deste estudo o óleo de linhaça (fonte de ácido graxo ômega 3) produziu diminuição significativa no número de eosinófilos circulantes em crianças e adolescentes asmáticos moderados, bem como nos sintomas relatados inicialmente. Assim, seu uso possui efeitos benéficos no tratamento da asma, podendo atuar de modo coadjuvante às terapias medicamentosas existentes contribuindo para a melhora da qualidade de vida dos asmáticos (LUCENA, 2015).

Já em 2017, fazendo parte de tese de doutorado, foi desenhado um estudo para avaliar comparativamente o efeito do aumento do consumo de ácido alfa-linolênico(ômega-3) proveniente de fontes vegetais sobre os indicadores inflamatórios e a reatividade endotelial em pacientes idosos e obesos ou com sobrepeso. Os participantes receberam suplementação com óleos vegetais durante 12 semanas e medidas antropométricas, bioquímicas e de reatividade endotelial foram realizadas antes e depois da intervenção. A conclusão foi de que a suplementação de ácidos graxos provenientes de três óleos vegetais entre eles o de linhaça, atenuou o quadro pró-inflamatório e pró-trombótico, além da melhora de diversos outros parâmetros beneficiando assim a redução de risco cardiovascular em idosos portadores de obesidade e sobrepeso (OLIVEIRA, 2017).

Em artigo publicado em 2020, o estudo teve por objetivo avaliar os efeitos da suplementação com óleo de linhaça sobre o estado nutricional e inflamatório de pacientes em hemodiálise crônica. A pesquisa trata-se de um estudo longitudinal prospectivo, do tipo clínico intervencional, envolvendo 28 pacientes adultos de ambos os sexos submetidos à hemodiálise crônica. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: Grupo Controle  e Grupo Experimental e receberam óleo mineral e óleo de linhaça respectivamente.
Foram coletados dados antropométricos e bioquímicos. Com os resultados conclui-se que o óleo de linhaça pode se mostrar eficaz em relação a melhora da inflamação, visto que houve diminuição significativa no grupo experimental de linfócitos e monócitos. Com base nos parâmetros analisados e resultados obtidos, a suplementação com óleo de linhaça mostrou uma melhoria de homens e mulheres em relação ao estado nutricional e inflamatório, pois os valores de linfócitos, monócitos assim como potássio, ferritina, tranferrina, creatinina, antes da suplementação encontravam-se aumentados. Após a suplementação durante 60 dias com 5ml de óleo de linhaça, observou-se que esses parâmetros atingiram os valores considerados normais (SILVA et al, 2020).

Tratamento de úlceras de pressão:
Em 2011, em sua dissertação de mestrado a autora teve como objetivo propor a   desenvolvimento de uma fórmula farmacêutica contendo óleo de linhaça para utilização no tratamento de úlceras de pressão, que são lesões cutâneas recorrentes em pacientes de UTI e também em pessoas tetraplégicas. No decorrer de sua pesquisa foi comprovado o alto teor de ácidos graxos essenciais no óleo de linhaça, principalmente o ômega-3 bem como o ômega-9 e ômega-6. Óleos ricos em ácidos graxos essenciais já tem sido amplamente utilizados tanto na prevenção, como no tratamento deste tipo de lesão por serem precursores das cadeias de reações anti-inflamatórias, além de atuar na saúde da membrana celular e promover hidratação epitelial. A autora também encontrou em sua revisão de literatura ações de cicatrização, diminuição de eritema e edemas de lesões cutâneas, além da hidratação da pele. Assim,  concluiu que o uso do óleo de linhaça se torna uma opção diferenciada pois possui concentrações de ácidos graxos essenciais superiores ao demais óleos utilizados atualmente em produtos para essa finalidade (PESSANHA, 2011).

Tratamento do Olho seco:
Em 2007 foi publicado um estudo com o objetivo de avaliar se a utilização por via oral do óleo de linhaça (Linum usitatissimum), que diminui a inflamação na artrite reumatóide, pode auxiliar no tratamento da ceratoconjuntivite seca de portadores da síndrome de Sjögren. Foi realizado um estudo clínico randomizado com pacientes com diagnóstico de artrite reumatóide ou lúpus eritematoso sistêmico associadas à ceratoconjuntivite seca e síndrome de Sjögren. Dois grupos receberem  cásulas de óleo de linhaça. O grupo 1 recebeu cápsulas com dose final de 1 g/dia de óleo de linhaça, o Grupo 2 recebeu cápsulas com dose final de 2 g/dia de óleo de linhaça e o Grupo 3 - controle - recebeu cápsulas com placebo, por 180 dias.  Comparando os resultados no início e no final do tratamento, foram verificadas mudanças estatisticamente significantes, indicando que a terapia oral com óleo de linhaça, em cápsulas na dose de 1 ou 2 g/dia, reduz a inflamação da superfície ocular e melhora os sintomas de olho seco em pacientes portadores da síndrome de Sjögren (PINHEIRO, 2007).


Referências:

BARROSO, A. K. M et al. Linhaça marrom e dourada: propriedades químicas e funcionais das sementes e dos óleos prensados a frio. Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.1, p.181-187, jan, 2014.

COSTA, C. S. da; PONTES, D. F.; MEDEIROS, S. R. A.; OLIVEIRA, M. N. de; HERCULANO, L. da F. L. .; FIGUEIREDO, F. C.; MEDEIROS, M. M. L. de; LEÃO, M. V. de S. Caracterização e estabilidade oxidativa da farinha e óleo de linhaça marrom (Linum usitatissimum L.). Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 10, p. e9179109439, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i10.9439. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/9439. Acesso em: 25 maio. 2022.

CURI, Rui et al. Entendendo a Gordura: os ácidos graxos. Barueri: Manole, 2002. 580 p.

GALVAO,E. L. et al.  Avaliação do potencial antioxidante e extração subcrítica do óleo de linhaça. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, 28(3): 551-557, jul-set. 2008.

HIRABARA, Sandro M et al. Ácidos graxos na saúde e na doença: influência na genética, nutrição, exercício físico e esporte. Curitiba: CRV, 2015

LORSCHEIDER, Jaqueline Alice. Preparação de ácidos graxos conjugados a partir do óleo de linhaça (Linum usitatissimum L.) e avaliação de sua atividade antioxidante e antimicrobiana. 2017. 80 f. Dissertação (Mestrado em Processos Químicos e Biotecnológicos) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Toledo, 2017.

LUCENA, Danielle Vitória Nogueira de. Efeito da suplementação do óleo de linhaça sobre o número de eosinófilos em crianças e adolescentes asmáticos. 2015. 50f. TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco. CAV, Bacharelado em Nutrição, Vitória de Santo Antão, 2015.

NOVELLO, D., & POLLONIO, M. A. R. (2012). Caracterização físico-química e microbiológica da linhaça dourada e marrom (Linum Usitatissimum L.). Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 71(2), 291-300. https://doi.org/10.53393/rial.2012.v71.32427

OLIVEIRA, Patrícia Amante de. Indicadores inflamatórios, função endotelial e outros marcadores de risco cardíaco em pacientes idosos com sobrepeso e obesidade: resposta à suplementação de azeite de oliva, óleo de linhaça e óleo de girassol.  Tese (Doutorado em Ciências em Gastroenterologia). Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.5.2017.tde-07082017-083438.

PESSANHA, Ana Flávia Vasconcelos. Desenvolvimento de formas farmacêuticas semi-sólidas à base de óleo de linhaça (Linum usitatissimum L.) com ação cicatrizante para tratamento e prevenção de úlceras de pressão. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2011.

PINHEIRO, M. N. et al. Uso oral do óleo de linhaça (Linum usitatissimum) no tratamento do olho seco de pacientes portadores da síndrome de Sjögren. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, v. 70 n. 4 p. 649-655, 2007.

SCHMIDT, Michael A. Gorduras inteligentes: como as gorduras e os óleos da dieta afetam as inteligências mental, física e emocional. Tradução de Dirceu Henrique Pereira.  São Paulo: Roca, 2000.

SILVA, A. A. P. e; SOUSA, F. H. G.; PONTES, E. D. S.; SILVA, J. Y. P. da; SANTOS, N. M.; DONATO, N. R. Suplementação com óleo de linhaça em pacientes em hemodiálise crônica: uma análise de variáveis antropométricas e bioquímicas. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, p. e302974081, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i7.4081. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/4081. Acesso em: 25 maio. 2022.


Por Edna Caliari Boni em 21/06/2022
Voltar para o conteúdo