Óleo essencial de Tuia maçã (Thuja occidentalis)
A tuia-maçã também é conhecida como tuia-do-canadá, árvore da vida, cedro-branco ou cedro-maçã. É uma árvore pertencente a família Cupressaceae, pertencente às coníferas, que pode ter de 15 a 20 m de altura e é originária do Canadá e norte dos Estados Unidos. Seu uso medicinal foi identificado pela primeira vez em uma expedição realizada no século XVI, no Canadá, onde é utilizada tradicionalmente há séculos por índios nativos da região. O óleo essencial é extraído por destilação a vapor dos ramos e brotos, possui cor amarelada e aroma levemente frutal lembrando maçãs.
Composição (aproximada – pode haver variações):
Nos estudos consultados houve bastante variedade nas porcentagens dos componentes químicos deste óleo essencial dependendo do local de cultivo, da variedade, além de outros fatores.
Apresentamos abaixo algumas composições deste óleo essencial de acordo com os estudos citados.
Ao analisarmos os estudos, observamos que os monoterpenos sempre estão presentes. A cetona tuiona em alguns casos se apresenta como componente majoritário e em outros como minoritário, mas geralmente está presente.
Como dica sugerimos que ao comprar este óleo essencial solicite ao vendedor a cromatografia do mesmo para saber com certeza qual a sua composição química.

Composição química principal encontrada nos estudos consultados:
Grupo majoritário: cetonas
1- Cetonas (49-80%): tuiona, fenchona; monoterpenos (12-15%): sabineno, terpineno, mirceno (LIS ET AL, 2016)
2-Cetonas: tuiona(70%); monoterpenos (22%):sabineno, mirceno, pineno (RODRIGUES ET AL, 2017)
3- Cetonas: tuiona (21,58%), cânfora (18,92%); Éster: acetato de isobornila (9,71%) (AL-ENAWEY ET AL, 2020)
Grupo majoritário: monoterpenos ou sesquiterpenóis (álcoois sesquiterpênicos):
1-Monoterpenos (60%) pineno, careno; Sesquiterpenóis (9%):cedrol (MOHAREB ET AL, 2013)
2-Monoterpenos (30-70%): pineno, careno, mirceno; Sesquiterpenóis(10%):cedrol (BELLILI ET AL, 2018)
3- Monoterpenos (~50%): pineno, careno; Sesquiterpenóis (20%):cedrol (NELSON, 2019)
Propriedades terapêuticas do óleo essencial:
Primeiramente, como este óleo essencial geralmente possui em sua composição tuiona que é uma cetona tóxica ele só pode ser usado em baixas concentrações (entre 1% e 2%) e externamente por inalação ou aplicação tópica. Veja também as contraindicações a seguir para saber quais grupos devem evita-lo completamente.
Apesar dessas ressalvas se usado corretamente tem excelentes propriedades terapêuticas, como consta a seguir:
Analgésico, diurético e sedativo urinário, sendo útil no tratamento de cistite.
Antiviral, anti-infeccioso pulmonar, expectorante e tônico respiratório, além de ser um potente imunoestimulante.
Antibacteriano e antifúngico.
Tônico nervoso, combatendo exaustão nervosa, cansaço mental e quadros de estresse, equilibrador hormonal feminino.
Útil no tratamento de verrugas.
Propriedades terapêuticas das cetonas (tuiona): mucolítica, analgésica, cicatrizantes, antiviróticas e antifúngicas, ótimas para infecções viróticas, bacterianas e parasitárias localizadas nas vias respiratórias baixas (BAUDOX, 2018; CLARKE, 2020 e WOLFFENBÜTTEL, 2016).
Contraindicações: a tuiona tem efeitos convulsivantes e neurotóxicos e não deve ser usada por gestantes pois pode causar aborto espontâneo. Também nao deve ser ingerido pois a tuiona é bastante tóxica.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de alguns estudos publicados em artigos de revistas e outros materiais consultados. Classificamos os estudos abaixo por ações do óleo essencial.
Antimicrobiana (antibacteriana, antifúngica)
Em 2020, foi publicado um estudo que incluiu a identificação de compostos químicos do óleo essencial de Thuja occidentalis, bem como o teste contra fungos isolados Aspergillus flavus e seu efeito na expressão do gene aflR-2 responsável pela produção de aflatoxina. O óleo essencial inibiu o fungo A. flavus a uma taxa de inibição de 55,5%, e observou-se diminuição da expressão do gene aflR-2 responsável pelo produto aflatoxina (AL-ENAWEY et al, 2020).
Em estudo publicado em 2019, foram estudados dois óleos essenciais(sendo um deles o de Thuja occidentalis) quanto à atividade antibacteriana contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli pelo método de difusão em disco. Essas bactérias foram utilizadas porque são bactérias comumente associadas a doenças, além do que também era importante que uma bactéria gram-negativa e gram-positiva fosse estudada. Ambos os óleos essenciais de mostraram atividade antibacteriana (NELSON, 2019).
Em 2018, foi publicado um estudo onde foi avaliado os efeitos antimicrobiano do óleo essencial da Thuja occidentalis proveniente da Tunísia. Tanto o óleo essencial extraído das folhas, como o extraídos dos cones mostraram fortes atividades antibacterianas e antifúngicas contra nove microrganismos de origem alimentar testados (Bacillus cereus American Type Culture Collection (ATCC)1247, Listeria monocytogenes ATCC 7644, Staphylococcus aureus ATCC 29213, Aeromonas hydrophila EI, Escherichia coli ATCC 8739, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853, Salmonella typhimurium NCTC 6017, Aspergillus flavus (isolado de origem alimentar) e Aspergillus niger CTM 10099. A mais potente atividade antimicrobiana foi registrada entre os fungos. Este estudo confirma o forte efeito antimicrobiano deste óleo essencial, destacando seu potencial como conservante natural contra patógenos de origem alimentar, particularmente contra E. coli e S. typhimurium (BELLILI et al, 2018).
Em 2013, um estudo avaliou óleos essenciais de dezoito plantas egípcias, dentre elas a Thuja occidentalis, para os quais foram analisadas suas composições e a atividade antifúngica in vitro contra dois fungos de decomposição Hexagonia apiaria e Ganoderma lucidum. Os resultados de testes in vitro indicaram que alguns dos óleos essenciais testados, dentre eles o de Thuja occidentalis, foram os inibidores mais potentes contra ambos os fungos. Esses resultados suportam o potencial uso de óleos essenciais para proteção da madeira contra a deterioração por fungos (MOHAREB et al, 2013).
Antioxidante:
Em estudo publicado por Bellili et al (2018), foi testada a atividade antioxidante do óleo essencial de tuia maçã proveniente da Tunísia. Os óleos essenciais testados (folhas e cones) da T. occidentalis apresentaram atividade antioxidante, com a eliminação de radicais DPPH comparáveis aos de Trolox quando testados na mesma concentração. Esses resultados concordam com o conhecido potencial antioxidante deste óleo essencial.
Antiviral (efeito do componente tuiona)
Neste estudo, publicado em 2013, o vapor do óleo essencial de folha de cedro (Thuja plicata)o qual continha 80% do componente tuiona, foi avaliado para atividade antiviral, além de sua possível atividade anti-inflamatória. Os resultados dos efeitos antivirais do vapor deste óleo essencial foram os seguintes: os vírus que contém membrana - influenza H3N2, H1N1 e B e herpes HSV-1 e -2, foram prontamente inativados; o Rinovírus 14, que não contém uma membrana, foi parcialmente inativado em 30 min, mas foi completamente inativado em 60 minutos de exposição; o Adenovírus (que também não possui membrana) foi mais resistente e exigiu 2 horas do vapor do óleo essencial para inativação completa. Estes dados sugerem que os vírus com membranas, ou seja, a maioria dos vírus respiratórios, são altamente vulneráveis ao vapor deste óleo essencial(SELVARANI &JAMES, 2013).
Outros efeitos:
A matéria publicada no Jornal da Laszlo, 6ª edição, de 2015 cita que “apesar da toxidade do óleo de tuia e a sua não indicação para uso oral em humanos, sua utilização via inalação é comum, especialmente no Canadá, onde este óleo essencial é produzido e comercializado em farmácias. Ele é muito empregado via inalação com o objetivo de aumentar a imunidade, equilibrar os hormônios femininos (em casos de menopausa e TPM), combater infecções, além de tratar de verrugas e HPV pelo uso tópico ou gel (2%)”.
Em 2017 foi publicado estudo visando novos princípios ativos para o tratamento de Leishmaniose Visceral. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a composição de dois óleos essenciais (dentre eles o de Thuja occidentalis), bem como avaliar a ação dos mesmos frente à Leishmania infantum. Em relação ao bioensaio com promastigotas de Leishmania infantum, o óleo essencial de tuia apresentou efeito sobre promastigotas similar ao controle positivo Anfotericina B, concluiu-se que a propriedade anti-Leishmania exibida pelo óleo essencial de tuia pode estar associada ao alto teor de tuiona em sua composição (RODRIGUES et al, 2017)
Referências bibliográficas:
AL-ENAWEY, A.W. et al. Antifungal Activity , GC-MS Analysis of Thuja occidentalis Essential Oil with Gene Expression. Iraqi Journal of Biotechnology, December 2020, Vol. 19, No. 3, 33-41.
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
BELLILI, S. et al. The Influence of Organs on Biochemical Properties of Tunisian Thuja occidentalis Essential Oils. Symmetry 2018, 10, 649; doi:10.3390/sym10110649.
BUCKLE, Jane. Aromaterapia Clínica: óleos essenciais no cuidado da saúde. Tradução de Maurício Gaggero. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
CLARKE, Sue. Química essencial para aromaterapia. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2020.
LASZLO. Jornal de Aromatologia – 6ª edição. Belo Horizonte, ago. 2015, p. 4.
LAVABRE, Marcel. Aromaterapia: A cura pelos óleos essenciais. Tradução de Cecília Barbosa. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
LIS, A. et al. Comparison of chemical composition of the essential oils from diferente parts of Thuja occidentalis L. ‘Brabant’ and T. occidentalis L. ‘Smaragd’. Herba Polonica 2016; 62(3): 20-27, DOI: 10.1515/hepo-2016-0014.
LORENZI, H. et al. Árvores exóticas no Brasil: madeireiras, ornamentais e aromáticas. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2003.
MOHAREB, A. S. O. et al. Antifungal activity of essential oils isolated from Egyptian plants against wood decay fungi. J Wood Sci (2013) 59:499–505. DOI 10.1007/s10086-013-1361-3.
NELSON, S. The antibacterial activity of essential oils from Tagetes erecta and Thuja occidentalis. Cantaurus, Vol. 27, 29-33, May 2019 © McPherson College Department of Natural Science.
RODRIGUES, L. K. M. Caracterização química e avaliação de atividade anti- Leishmania dos óleos essenciais de Thuja occidentalis e Leptospermum scoparium sobre Leishmania infantum. Reunião Regional da SBPC no Cariri - 02 a 06 de maio de 2017 - URCA - Cariri/CE
SELVARANI. V. & JAMES, H. The Activity of Cedar Leaf oil Vapor Against Respiratory Viruses: Practical Applications. Journal of Applied Pharmaceutical Science Vol. 3 (11), pp. 011-015, November, 2013. DOI: 10.7324/JAPS.2013.31103.
WOLFFENBÜTTEL, Adriana Nunes. Base da química dos óleos essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e científica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
Por Edna Caliari Boni em 12/05/2022