Óleo essencial de Pimenta Rosa (Schinus terebinthifolius)
A Pimenta rosa é o fruto de uma árvore nativa da América do Sul, com 5 a 10 m de altura, conhecida como aroeira-vermelha, aroeira-mansa, aroeira-da-praia, aroeira-pimenteira, dentre outros nomes populares. Os frutos são drupas globosas de cor vermelha brilhante quando maduras, com sabor adocicado e aromático, sendo utilizadas como condimento conhecido com o nome de pimenta-rosa. A maior parte dos óleos essenciais encontrados no mercado são extraídos dos frutos maduros, porém existem também os que são extraídos das folhas, ambos são extraídos pela destilação por arraste a vapor. O óleo essencial dos frutos maduros possui um aroma levemente picante, penetrante com notas amadeiradas.

Composição: (aproximada - pode haver pequenas variações)
O óleo essencial de pimenta rosa que utilizamos em nossos produtos e que revendemos é orgânico, extraído dos frutos maduros e tem a seguinte composição (segundo cromatografia enviada pelo produtor Legeé Aromas)
Monoterpenos (80%): pineno(36%), mirceno (14%), careno (14%), limoneno, felandreno
Sesquiterpenos (15%): copaeno, cariofileno, germacreno, humuleno
Os diversos estudos publicados demostram que apesar de haver uma grande variação química na composição em virtude de fatores ambientais, geográficos e até mesmo genéticos, os compostos predominantes são monoterpenos e sesquiterpenos em sua maioria e que mesmo que existam variações tanto de componentes, quanto nos teores dos mesmos, estes geralmente pertencem a essas classes químicas.
Propriedades terapêuticas:
Antimicrobiano (antibacteriano e antifúngico), sendo muito indicado em tratamentos de acne, micoses e candidíase
Antioxidante, adstringente, anti-inflamatório e cicatrizante sendo indicada para problemas de pele como psoríase e dermatites.
Também por ser anti-inflamatório é indicado para dores reumáticas, artrites e outras inflamações.
Eficiente no cuidado de problemas circulatórios (melhorando a circulação sanguínea), como varizes e flebite, sendo também indicada para cuidados em pancadas e luxações.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de alguns estudos científicos publicados em artigos de revistas, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Os estudos aqui citados referem-se ao óleo essencial extraído dos frutos maduros. Classificamos os estudos por ações ou indicações do óleo essencial.
Obs.: também encontramos estudos comprovando sua ação cicatrizante bem como estudos comprovando sua ação anti-inflamatória, os quais podem ser encontrados em pesquisas na internet, porém não citamos os mesmos neste blog pois optamos por citar aqui somente os que foram realizados in vitro ou em humanos.
Antimicrobiana (antifúngica, antibacteriana) e antiproliferativa:
Na tese apresentada por Dannenberg(2017), o objetivo foi avaliar as características antimicrobianas do óleo essencial de pimenta rosa e utilizá-lo como componente ativo na elaboração de filmes para aplicação no desenvolvimento de embalagens bioconservantes para alimentos. Os resultados obtidos demonstraram que este óleo essencial apresentou atividade antimicrobiana aos filmes de acetato de celulose contra as bactérias S. aureus e L. monocytogenes. A capacidade antimicrobiana foi detectada em todos os sistemas avaliados in vitro, demonstrando a capacidade do óleo essencial migrar do filme e se difundir em meio sólido, liquido e gasoso.
Na sua dissertação de mestrado, Alves (2015) realizou um estudo para avaliar in vitro as atividades antimicrobiana e antiproliferativa, além da toxicidade e da composição química do extrato hidroalcóolico das folhas de G. graciliflora e do óleo essencial dos frutos verdes de S. terebinthifolius (pimenta-rosa) que apresentou como compostos majoritários os monoterpenos felandreno e pineno. O óleo essencial de pimenta rosa apresentou potencial antifúngico frente a Candida albicans em sua forma planctônica e organizada em biofilme, atividade antiproliferativa positiva contra células de linhagens tumorais humanas, além de baixa toxicidade frente às hemácias, podendo apresentar promissora fonte de compostos bioativos para o desenvolvimento de produtos com ação anticandida e/ou antiproliferativa.
Nascimento (2015), em sua dissertação avaliou a atividade antibacteriana e antifúngica de óleos essenciais e oleoresinas de diferentes espécies de pimentas, dentre elas avaliou a do óleo essencial de pimenta rosa. Para isso, utilizou os métodos de difusão em disco de papel e microdiluição em caldo, avaliando as atividades contra as bactérias Bacillus cereus, Escherichia coli e Staphylococcus aureus e contra os fungos Aspergillus niger, Candida albicans e Penicillium sp. Os resultados demonstraram que o óleo essencial de S. terebinthifolius apresentou atividade antibacteriana contra todas as bactérias testadas (acima citadas), bem como apresentou atividade antifúngica contra os fungos Candida albicans e Penicillium sp.
Em artigo publicado em 2014, foi estudada a composição e avaliada a atividade antibacteriana do óleo essencial do fruto maduro de S. terebinthifolius Raddi. No estudo da composição dezessete compostos foram identificados, representando 91,15% do óleo total, onde os monoterpenos constituíram a principal classe química (85,81%), seguido por sesquiterpenos. A atividade antibacteriana do óleo essencial foi avaliada contra cepas selvagens de origem hospitalar (Escherichia coli, Pseudomonas sp., Klebsiella oxytoca, Corynebacterium sp., Staphylococcus aureus, Enterobacter sp., Enterobacter agglomerans, Bacillus sp., Nocardia sp. e Streptococcus grupo D). O óleo essencial do fruto maduro de S. terebinthifolius Raddi mostrou ser ativo contra todas as cepas selvagens testadas, com concentração inibitória mínima variando de 3,55 g/mL a 56,86 g/mL. No entanto, revelou algumas diferenças na suscetibilidade, sendo que no geral as espécies Gram-positivas apresentaram maior sensibilidade à ação do óleo essencial (COLE et al, 2014).
Nesta tese de doutorado o objetivo foi caracterizar fisico-quimicamente os frutos de pimenta rosa em diferentes estágios de maturação, analisar o óleo essencial e a oleoresina, bem como o potencial antimicrobiano avaliado pela determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Bactericida Mínima (CBM). Os resultados indicaram que o óleo essencial de pimenta rosa (dos frutos maduros) apresentou atividade antimicrobiana tanto em bactérias Gram-negativas (E. coli e S. Typhimurium), quanto em Gram-positivas (S. aureus e L. monocytogenes), sendo estas bactérias estudadas, patogênicas em alimentos (DOURADO, 2012).
Antioxidante:
Em sua dissertação Macedo (2018) teve como objetivo identificar e quantificar os compostos presentes no fruto da S. terebinthifolius, nos extratos e no óleo essencial, além de avaliar sua capacidade antioxidante. Para avaliar a atividade antioxidante utilizou diferentes métodos in vitro incluindo métodos baseados na captura de radicais orgânicos, capacidade redutora e na inibição da oxidação lipídica. No estudo do óleo essencial identificou os compostos γ-3-careno, α-felandreno, β-felandreno, α-pineno e elemol, os quais representaram mais de 80% dos compostos encontrados e como resultado do seu estudo foi observada atividade antioxidante pela captura de radicais livres e pelo potencial de redução.
Larvicida, inseticida, repelente:
Em 2008 foi apresentada dissertação de mestrado que objetivou caracterizar quimicamente o óleo essencial dos frutos maduros de pimenta rosa, bem como avaliar sua atividade larvicida, inseticida e repelente contra o mosquito vetor da denque Aedes aegypti. No estudo foram evidenciadas as atividades larvicida, inseticida e repelente deste óleo essencial o qual apresentou predominância de monoterpenos em sua composição química (COLE, 2008).
Assista o vídeo sobre este óleo essencial que disponibilizamos em nosso canal na Série Descobertas Aromáticas - Plantas Nativas Flora Brasileira! Clique na imagem!
Referências bibliográficas:
ALVES, Érica Ponchet. Atividades antimicrobiana, antibiofilme e antiproliferativa do extrato de Guaripa graciliflora Mart. e do óleo essencial de Schinus terebinthifolius Raddi. 2015. 88f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Odontologia - PPGO)- Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015.
CAVALCANTI, Luiz Carlos. Avaliação comparada da química dos óleos essenciais da oleorresina de copaíba (Copaifera langsdorffii Desf.) e da pimenta rosa (Schinus terebinthifolia Raddi). Dissertação (Mestrado em em Ciências Farmacêuticas). Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Vila Velha, Vila Velha, 2012.
CLARKE, Sue. Química essencial para aromaterapia. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2020.
COLE, Eduardo Roberto. Estudo fitoquímico do óleo essencial dos frutos da aroeira (Schinus terebenthifolius RADDI) e sua eficácia no combate a dengue. Dissertação (Mestrado em Química). Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008.
COLE, E. R.; SANTOS, R. B. dos; LACERDA JÚNIOR, V.; MARTINS, J. D. L.; GRECO, S. J.; CUNHA NETO, A. Chemical composition of essential oil from ripe fruit of Schinus terebinthifolius Raddi and evaluation of its activity against wild strains of hospital origin. Brazilian Journal of Microbiology, v. 45, n. 3, p. 821–828, set. 2014.
DANNEMBERG, Guilherme da Silva. Óleo essencial de pimenta rosa (Schinus terebinthifolius RADDI): atividade antimicrobiana e aplicação como componente ativo em filme para a bioconservação de alimentos. 2017. 121f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Pelotas. 2017
D’ANGELIS, Amanda. Aromáticas do Brasil Aplicadas à Cosmética Natural. In: Conaroma – Congresso On Line Aromaterapia. 8ª edição, 2022.
DOURADO, Massako Takahashi. Óleos essenciais e oleoresina da pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi): propriedades químicas e biológicas. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Programa de Pós- Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2012.
GILBERT, B.; FAVORETO, R. Schinus terebinthifolius Raddi. Revista Fitos, v. 6, p. 43–56, 2011.
Guia Prático de Aromaterapia. 2ª edição on line 2019. Disponível em https://terra-flor.com/loja/ebooks/guia-pratico-de-aromaterapia-2a-edicao/. Acesso em 14/05/2020.
LORENZI, Harri. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1, 4ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.
MACEDO, Nayara Bispo. Pimenta rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) : compostos presentes nos frutos e suas atividades antioxidante e anti-inflamatória. 2018. 122 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Nutrição) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2018.
MENDONÇA, V. M. et al. Prospecção tecnológica de óleo essencial de aroeira-da-praia (Schinus terebinthifolius RADDI). Revista GEINTEC, v. 4, n.1, p.704-715 704, 2014. D.O.I.: 10.7198/S2237-0722201400010023
MENEZES FILHO, A. C. P. Schinus molle e Schinus terebinthifolius: revisão sistemática da classificação e aspectos químicos, fitoquímicos, biológicos e farmacobotânicos. Brazilian Journal of Natural Sciences, v. 3, n.3, p. 490-513, 2020. DOI: https://doi.org/10.31415/bjns.v3i2.109
NASCIMENTO, Gustavo Marcelo da Luz. Extração e avaliação farmacológica de óleos essenciais de pimenta para fins tecnológicos. 2015. 101f. Dissertação (Mestrado em Inovação Tecnológica) - Programa de Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2015.
OLIVEIRA, L. F. M. et al. Tempo de destilação e perfil volátil do óleo essencial de aroeira da praia (Schinus terebinthifolius) em Sergipe. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.16, n.2, p.243-249, 2014.
RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019
Por Edna Caliari Boni em 03/10/2022