Óleo essencial de manjericão (Ocimum basilicum)
O manjericão sempre teve uma posição de destaque nas antigas civilizações mediterrâneas. Seu nome (basil em inglês) deriva da palavra grega “basileus” que significa rei. A planta é cultivada em campos e solos variados e possui muitos tipos diferentes. Uma das variedades é o manjericão doce, mas também existe o manjericão-exótico, manjericão-canela, manjericão sagrado (Tulsi), entre outros, pertencentes também a outra espécie. O seu óleo essencial é obtido pela destilação a vapor das plantas adultas, tendo uma coloração suavemente amarelada e sua composição química varia conforme a espécie e também dentro da mesma espécie, conforme o quimiotipo. Odor picante, doce e saboroso.
Composição (aproximada – pode haver variações):
A composição varia conforme o quimiotipo do manjericão. O manjericão-doce (também conhecido como manjericão verde ou francês) tem um alto índice de linalol e uma baixa quantidade de metil-chavicol, enquanto que o manjericão exótico é o que apresenta maior quantidade de metil-chavicol(estragol). Os principais componentes químicos (que variam muito de acordo com o quimiotipo) encontrados nos óleos essenciais de manjericão são:
Éteres fenólicos: metil chavicol (estragol)
Monoterpenóis (álcoois terpênicos): linalol
Óxidos terpênicos: 1,8 cineol (eucaliptol)
Cetonas: cânfora
cromatografia óleo essencial manjericão
O óleo essencial que a Natu Donum utiliza tem como componente majoritário o linalol, seguida de eucaliptol e da cânfora. Segundo a cromatografia que foi enviada pela empresa que faz a extração deste óleo essencial aqui no Brasil, possui composição conforme certificado de análise química (figura acima).
Propriedades terapêuticas:
As propriedades terapêuticas citadas abaixo, consultadas nas literaturas, são comuns aos dois quimiotipos principais o metil chavicol e o linalol. Porém algumas propriedades são mais específicas de cada componente conforme relatamos a seguir. Essas informações podem auxiliar sua escolha quando for adquirir um óleo essencial de manjericão.
Propriedades terapêuticas dos álcoois (em especial o linalol):
Sedativos (neurosedativos) e calmantes sendo bons para o equilíbrio emocional e para promover o bem-estar. Antibacterianos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários. Estimulantes do sistema imunológico e tônicos em geral. Ação antoconvulsivante e anestésica. Adstringentes e tônicos cutâneos (BAUDOX, 2018; CLARKE, 2020 e WOLFFENBÜTTEL, 2016).
Propriedades terapêuticas dos Éteres fenólicos (metil chavicol)
Antibacterianos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários. Antiespasmódicos, analgésicos e anti-inflamatórios. Digestivos. Esses compostos devem ser utilizados em baixa concentração e por pouco tempo. (BAUDOX, 2018; CLARKE, 2020 e WOLFFENBÜTTEL, 2016).
Propriedades comuns:
Antiespasmódico neuromuscular, analgésico eficaz, indicado para problemas musculares e articulares.
É um aliado para a digestão, auxiliando no tratamento de incômodos ligados a doenças gástricas, flatulência, constipação, promovendo a secreção de certas enzimas digestivas, sendo então estomáquico, tônico digestivo e antisséptico intestinal, indicado para náuseas, enjôos de viagem, gastrite, dispepsia, espasmos gástricos e infecções intestinais.
É também anti-infeccioso (antimicrobiano) e anti-inflamatório, indicado para infecções viróticas tropicais, pois é purificante e energizante, sendo útil em casos de febre, resfriado, gripe, infecções pulmonares. Além disso auxilia na melhora da resistência contra tipos diferentes de microrganismos.
Boa opção para caso de estresse mental e problemas de ansiedade, pois é tônico nervoso, fortalecendo assim o sistema nervoso por meio de suas propriedades revigorantes. Também é indicado para depressão, insônia, dores de cabeça de origem nervosa, perda de memória.
Energeticamente este óleo essencial auxilia na superação da depressão, da dúvida, da preocupação, da ansiedade e de um sofrimento sem causa aparente. Estimula a necessidade de ação, gera entusiasmo na vida. A energia neurorreguladora e revigorante do manjericão faz com que seja um óleo de escolha para melhorar a conexão mente-corpo, harmonizando consciente e inconsciente, elevando o espírito e promovendo a intuição.
Contraindicações: gestantes, lactantes e crianças menores de 2 anos e meio em virtude da presença de cânfora e de eucaliptol.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de alguns estudos científicos ou revisões bibliográficas publicados em artigos de revistas, bem como nos livros, teses e outros materiais consultados. Encontramos também em nossa pesquisa estudos que demonstraram ações anti-inflamatórias, bem como ações sobre o sistema nervoso, porém não publicaremos aqui, pois optamos por somente publicar pesquisas conduzidas in vitro ou em humanos.
Classificamos os estudos abaixo por ações do óleo essencial.
Antimicrobiano (antibacteriano, antifúngico):
Buckle (2019), cita um estudo publicado em 2003, que utilizou diferentes métodos para testar a atividade do óleo essencial de manjericão, contra microrganismos resistentes a antibióticos, sendo que este óleo essencial se mostrou eficaz contra bactérias do gênero Pseudomona, a qual se tornou comum em hospitais como causa de infecções urinárias, de feridas e respiratórias. Também foi citado estudo publicado em 2011 por outros autores em que o óleo essencial de manjericão se mostrou eficiente contra a bactéria Klebsiella.
Uma pesquisa publicada em 2010, avaliou a atividade antibacteriana do óleo essencial do manjericão (Ocimum basilicum Linn.) frente a sorogrupos de Escherichia coli enteropatogênicas (EPEC) isolados de alfaces, utilizando o Método de Difusão em Disco (MDD), sendo que os resultados evidenciaram que todas as cepas de E. coli EPEC testadas apresentaram sensibilidade à ação do óleo essencial, sugerindo que este possa ser uma fonte de compostos com potencial terapêutico no combate a bactérias patogênicas. O óleo essencial testado tinha como componentes principais o metil chavicol (62%) seguido do linalol (25%) (MARTINS et al, 2010).
Em artigo publicado em 2013, que revisou as referências científicas entre 2000 e 2012 sobre a utilização de óleos essenciais em embalagens para alimentos, foi citado o óleo essencial de manjericão como candidato a ser utilizado nas embalagens, pois tem potencial antimicrobiano significativo, uma vez que os óleos incorporados aos polímeros estarão em contato com o alimento, podendo ocorrer uma migração lenta e constante dos agentes bactericidas e/ou bacteriostáticos, por difusão ou separação, para a superfície do produto, de modo que a atividade antimicrobiana ocorra com maior intensidade onde se faz necessário (MONTES et al, 2013).
Em 2015, foi publicado estudo que teve por objetivo avaliar a composição química e a atividade antifúngica in vitro do óleo essencial de O. basilicum L. contra o crescimento do fungo Aspergillus flavus e a produção de aflatoxina B1. Os resultados obtidos demonstraram que este óleo essencial teve atividade antifúngica significativa a qual era dependente da concentração de óleo usado. A inibição completa do crescimento de A. flavus foi observada na concentração de óleo de 1000 ppm, enquanto a inibição acentuada da produção de aflatoxina B1 foi observada em todas as concentrações de óleo testadas. Neste experimento a composição principal do óleo esssencial testado era: linalol(48%), 1,8-cineol(12%) (ABOU EL-SOUD et al, 2015).
Em sua tese, Silva (2015), teve como objetivo avaliar a composição química de O. basilicum e determinar a atividade antibacteriana contra Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa, que são micro-organismos de grande importância clínica, pois estão entre as espécies bacterianas com maior poder de causar infecções e que apresentam grande resistência aos antibióticos. Além disso, foi também avaliada a atividade citotóxica e genotóxica do óleo essencial e do seu composto majoritário. Os resultados obtidos demonstraram que o óleo essencial do O. basilicum e o linalol apresentam efeito antimicrobiano, sejam isolados ou em associação com antibióticos padrões, e que estes compostos possuem baixa citotoxicidade e genotoxicidade.
Em estudo publicado em 2016, foi avaliada a atividade antimicrobiana de óleos essenciais extraídos de folhas e flores de Ocimum americanum e Ocimum basilicum frente aos periodontopatógenos (causadores da doença periodontal) Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas gingivalis e frente ao micro-organismo Bacteroides fragilis. Os resultados obtidos sugeriram que os óleos essenciais estudados apresentaram resultados relevantes para o controle do crescimento dos periodontopatógenos P. gingivalis, F. nucleatum e microorganismo controle B. fragilis, bem como foi concluído que a presença de linalol nos óleos testados poderia ser a responsável por este efeito antimicrobiano (JUIZ et al, 2016).
Antioxidante:
Barbosa (2018) em sua tese cita sete estudos publicados que demonstraram a forte capacidade antioxidante do óleo essencial de Ocimum basilicum. Além disso, a própria autora conduziu experimentos para demosntar a atividade antioxidante de óleos essenciais de manjericão. Para a espécie O. basilicum foram demonstradas atividades antioxidante pelos métodos DPPH e ABTS, com resultados melhores para as variedades que tinham maiores teores do componente eugenol.
Sistema nervoso:
Em revisão de literatura publicada em 2014, o óleo de manjericão consta da lista de óleos essenciais indicados para ansiedade e combate ao estresse uma vez que que possui propriedades terapêuticas e medicinais que o tornam tônico do sistema nervoso e sedativo (PAGANINI & FLORES E SILVA, 2014).
Referências bibliográficas:
ABOU EL-SOUD, N. H. et al. Chemical Composition and Antifungal Activity of Ocimum basilicum L. Essential Oil. Open Access Macedonian Journal of Medical Sciences, 2015 Sep 15; 3(3):374-379.
BARBOSA, Celma de Oliveira. Caracterização química e atividades biológicas dos óleos essenciais e extratos alcoólicos das espécies Ocimum spp. (manjericão) e Curcuma longa (açafrão da terra). 2018.142 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia)-Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
CLARKE, Sue. Química essencial para aromaterapia. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2020.
EIDSON, Deborah. Cura vibracional: revelando a essência da natureza por meio dos óleos essenciais na aromaterapia. Tradução de Rosana Laura Romeros. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
FESTY, Danièle. A Bíblia dos óleos essenciais. Tradução de Mayra Corrêa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2021.
Guia Prático de Aromaterapia. 2ª edição on line 2019. Disponível em https://terra-flor.com/loja/ebooks/guia-pratico-de-aromaterapia-2a-edicao/. Acesso em 14/05/2020.
HOZZEL, M. Ensaios sobre a aromaterapia holística. Tradução: Luciana Chamma. Belo Horizonte: Editora Laszlo:2019
JUIZ, P. J. L. et al. Atividade antimicrobiana do óleo essencial de Ocimum americanum e Ocimum basilicum sobre periodontopatógenos. Brazilian Journal of Periodontology, v. 26, n. 04, p. 07-14, December 2016.
LAVABRE, Marcel. Aromaterapia: A cura pelos óleos essenciais. Tradução de Cecília Barbosa. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
MARTINS, André Gustavo Lima de Almeida et al . Atividade antibacteriana do óleo essencial do manjericão frente a sorogrupos de Escherichia coli enteropatogênica isolados de alfaces. Ciência Rural, Santa Maria, v. 40, n. 8, p. 1791-1796, Aug. 2010.
MONTES, S. S. et al. Óleos essenciais em embalagens para alimentos – revisão de literatura de 2000 a 2012. Perspectivas da Ciência e Tecnologia, v.5, n. 1/2, 2013.
PAGANINI, T.; FLORES e SILVA, Y. O uso da aromaterapia no combate ao estresse. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 18 n. 1,p. 43-49, jan./abr. 2014.
RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
SILVA, Viviane Araújo da. Atividades antimicrobiana, citotóxica e genotóxica do óleo essencial de Ocimum basilicum (lamiaceae) e do linalol. 2015. 123 f. Tese (Doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos) - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2015.
WOLFFENBÜTTEL, Adriana Nunes. Base da química dos óleos essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e científica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
Por Edna Caliari Boni em 04/07/2021