Óleo essencial de Erva Baleeira (Cordia verbenacea)
Esta planta tem diversas sinonímias botânicas, assim também pode ser encontrada em literaturas com os seguintes nomes científicos: Varronia verbenacea (DC.) Borhidi, Varronia curassavica Jack, Cordia curassavica auctt. bras. ex Fresen, Cordia salicina DC. (UFSC-Horto Didático). Também conhecida pelos nomes populares de Erva-balieira, erva-baleeira, erva-preta, maria-preta, maria-milagrosa, maria-rezadeira, catinga-de-barão, salicina, córdia, dentre outros. É um arbusto ereto, muito ramificado, aromático nativo de quase todo o Brasil principalmente em áreas abertas da orla litorânea.
Curiosidade: Em novembro de 2004 foi publicada no Diário Oficial a aprovação do registro do primeiro anti-inflamatório tópico feito a partir do óleo essencial de uma planta brasileira. O Acheflan ®, fabricado pelo Laboratório Farmacêutico Aché, tem em sua composição de 2,3-2,9% de alfa-humuleno obtido exclusivamente do óleo essencial de erva-baleeira, sendo indicado para o tratamento de tendinite crônica e dores miofasciais
O óleo essencial de erva baleeira é extraído das folhas através da destilação por arraste a vapor.
Composição: (aproximada - pode haver pequenas variações)
O óleo essencial de erva baleeira que utilizamos em nossos produtos e que revendemos tem a seguinte composição (segundo cromatografia enviada pelo produtor Legeé Aromas)
Monoterpenos (~52%): alfa-pineno(48,5%), beta-pineno, sabineno, mirceno, limoneno
Sesquiterpenos: beta-cariofileno (17,8%), humuleno (2,6%), muuroladieno (4,5%), calameneno(2,6%)
O óleo essencial de erva baleeira é componente do nosso Blend Dores Musculares!
As condições de cultivo e manejo desta planta medicinal influencia na produção dos princípios ativos. O estresse nutricional e ambiental juntamente com as características genéticas e fisiológicas da planta pode interferir na produção de biomassa, no teor de óleo e na sua composição química. Assim, dependendo do local de plantio e dos fatores acima citados temos variações na composição deste óleo essencial, porém nos trabalhos consultados temos a presença de monoterpenos, sendo os pinenos compostos majoritários, e de sesquiterpenos principalmente o cariofileno e humuleno.
Composições encontradas em alguns estudos realizados:
Alfa-pineno:10-15%, e-cariofileno:10-17%, alfa-humuleno: 2-3%, óxido de cariofileno: 2-8%, carotol:2-6% dentre outros (GOMES,2010)
Alfa-pineno:15,5%, alfa-zingibereno:15%, beta-cariofileno:10,7%, alfa-humuleno:2,6%, beta-sesquifelandreno:8,1%, Aloaromadendreno:15,7% e outros (PRADO,2020)
Alfa-pineno:6-10%, beta-cariofileno(22-30%), alfa-humuleno:4-5%, elixeno(15%) e outros (QUEIROZ et al, 2016)
Propriedades terapêuticas:
Anti-inflamatório (com diversas pesquisas publicadas comprovando esses efeitos) podendo ser utilizado para tratamento de dores musculares, contusões, entorses (já existe um medicamento comercializado pela indústria farmacêutica para essa finalidade, composto por princípios ativos obtidos do óleo essencial de erva baleeira).
Antibacteriana, antifúngica e antiparasitária.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de alguns estudos científicos publicados em artigos de revistas. Classificamos os estudos por ações ou indicações do óleo essencial. Lembrando que muitos outros estudos, principalmente com ação anti-inflamatória foram publicados, mas optamos por citar aqui somente os que foram realizados in vitro ou em humanos.
Anti-inflamatória:
Publicado em 2006, um estudo clínico fase III, aleatório, duplo-cego e comparativo realizado em pacientes portadores de contusões e lesões traumáticas, demonstrou que 72,7% dos pacientes que receberam aplicação tópica de creme de C. verbenacea 0,5% tiveram melhora acentuada após 10 dias de tratamento. O tratamento comparativo (diclofenaco-dietilamônio emulgel a 1%) também demonstrou eficácia porém em menor proporção quando comparado a Cordia verbenacea. Ambos os tratamentos apresentaram excelente segurança, não havendo diferença estatística de tolerabilidade entre eles (BRANDÃO et al, 2006).
Antimicrobiana (antibacteriana, antifúngica)
Carvalho Jr. e equipe (2004) avaliaram a atividade antimicrobiana do óleo essencial das partes aéreas e folhas da espécie Cordia verbenacea frente a bactérias Gram-positivas e Gram-negativas pelo método de difusão em ágar. Foram observadas atividades positivas contra bactérias Gram-positivas (duas espécies de Staphylococcus, uma delas S. aureus, duas de Bacillus) e contra fungos (oito espécies de Candida, uma delas C. albicans, várias cepas, e uma de Cryptococcus), mas contra apenas um gênero de Gram-negativas (Protium mirabilis e P. vulgaris), enquanto os demais gram-negativos (duas espécies de Enterobacter, Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, e duas espécies de Salmonella) foram resistentes (GILBERT & FAVORETTO, 2012).
Neste estudo, a atividade antimicrobiana de Cordia verbenacea foi avaliado. Os resultados mostraram que o óleo essencial apresentou atividade fungistática contra Candida albicans e Candida krusei e atividade antibacteriana contra cepas Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) e contra Gram-negativos multirresistentes (Escherichia coli 27). O óleo essencial de Cordia verbenacea influencia a atividade dos antibióticos e pode ser usado como adjuvante na antibioticoterapia contra patógenos bacterianos do trato respiratório (RODRIGUES ET AL, 2012).
Em 2009 foi publicado estudo que realizou ensaios de atividade antibacteriana realizados pela através do método de difusão em ágar, os quais mostraram que o óleo de Cordia verbenacea foi ativo apenas contra bactérias Gram-positivas como a bactéria Staphylococcus aureus ATCC 6538 e Enterococcus faecalis ATCC 29212. Nenhuma das cepas Gram-negativas testadas foi sensível ao óleo (MECCIA et al, 2009).
Antiparasitária:
Em 2021 foi publicado estudo que teve como objetivo verificar a citotoxicidade e o potencial contra Leishmania brasiliensis e Trypanosoma cruzi do óleo essencial de e C. verbenacea. Como visto durante esta pesquisa, esse óleo essencial mostrou-se eficaz contra os dois parasitas, sendo que a atividade contra o Trypanossoma cruzi ele foi letal em baixa concentração e apresentou baixa citotoxicidade (PEREIRA et al, 2021).
Assista o vídeo sobre este óleo essencial que disponibilizamos em nosso canal na Série Descobertas Aromáticas - Plantas Nativas Flora Brasileira! Clique na imagem!
Referências bibliográficas:
BRANDÃO, D. C. et al. Estudo fase III, duplo-cego, aleatório, comparativo para avaliar a eficácia e tolerabilidade da Cordia verbenacea e do diclofenaco dietilamônio, em pacientes portadores de contusões, entorses, traumas e lesões musculares, com início inferior a 24h. Revista Brasileira de Medicina, v. 63(8), p. 408-415, 2006.
CARVALHO JR., P. M. et al. Chemical composition and antimicrobial activity of the essential oil of Cordia verbenacea DC. Journal of Ethnopharmacology, v. 95, p. 297-301, 2004.
CLARKE, Sue. Química essencial para aromaterapia. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2020.
GILBERT, Benjamin & FAVORETO, Rita. Cordia verbenacea DC Boraginaceae. Rev Fitos. 7. 17-25, 2012..
GOMES, Paula Alessandra. Óleo essencial da erva-baleeira (Cordia verbenacea L) de áreas nativas. Dissertação (Mestre em Produção Vegetal). Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Campo dos Goytacazes, RJ, 2010.
LORENZI, H. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
MECCIA, G. et al. Chemical Composition and Antibacterial Activity of the Essential Oil of Cordia verbenacea from the Venezuelan Andes. Natural Product Communications. August 2009. doi:10.1177/1934578X0900400821
PEREIRA, P.S. et al. Cytotoxicity of Essential Oil Cordia verbenaceae against Leishmania brasiliensis and Trypanosoma cruzi. Molecules 2021, 26, 4485. https://doi.org/10.3390/molecules26154485
PRADO, Roberta Bernardino Ramos do. Caracterização química do óleo essencial de Cordia verbenacea e atividade dos seus principais constituintes. Artigo (Graduação em Farmácia). Unicesumar - Universidade Cesumar: Maringá 2020.
QUEIROZ, T.B. et al. Teor e composição química do óleo essencial de erva-baleeira (Varronia curassavica Jaqc.) em função dos horários de coleta. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.18, n. 01, p. 356-362, 2016.
DOI: 10.1590/1983-084X/15_116.
RODRIGUES, F. F. et al. Chemical composition, antibacterial and antifungal activities of essential oil from Cordia verbenacea DC leaves. Pharmacognosy Res. 2012 Jul;4(3):161-5. doi: 10.4103/0974-8490.99080. PMID: 22923954; PMCID: PMC3424843.
UFSC – Horto Didático de Plantas Mrdicinais do HU/CCS. Disponível em https://hortodidatico.ufsc.br/erva-baleeira/. Acesso em 03/08/2022
Por Edna Caliari Boni em 09/09/2022