
Óleo essencial de limão siciliano(Citrus limon)
O óleo essencial de limão siciliano é extraído das cascas do fruto, possui cor amarelo-esverdeada clara, com odor cítrico fresco, leve e cortante. A planta é originária da Ásia, mas muito cultivada no Brasil e produz frutos do tipo baga, de formato mais ou menos elipsoide, geralmente com pequeno mamilo apical, de superfície um pouco rugosa e de cor verde-amarelada. Sua composição principal, propriedades terapêuticas e estudos publicados são apresentados a seguir.
Composição: (aproximada - pode haver pequenas variações)
Terpenos (60-80%): limoneno, terpineno, pineno, mirceno
Sesquiterpenos (3-4%): bisabolol, bisaboleno
Aldeídos terpênicos (2-3%): geraniale, neral
Furanocumarinas(- de 1%): bergapteno
Propriedades terapêuticas: antisséptico atmosférico e de contato, auxiliando assim na desinfecção do ar e na prevenção de infecções respiratórias, doenças contagiosas e epidemias. É estomáquico e carminativo, auxiliando na insuficiência digestiva e hepática (ameniza os sintomas de intoxicação do fígado), além de atenuar o mal de transporte, terrestre, aéreo e marítimo. Purifica o ambiente, trazendo foco, clareza e organização, auxiliando a cognição, otimizando a produtividade mental e amenizando a apatia. Também é antilitiásico (ajuda eliminar cálculos), além de ser tônico do sistema circulatório, auxiliando na insuficiência venosa (útil para veias varicosas) e na limpeza do sangue. Também possui ação anti-inflamatória (inibidor do TNF-α) e antioxidante. Na pele estimula a microcirculação, auxiliando na redução da oleosidade na pele e cabelos, caspa e acne.
Ações do componente limoneno: recomposição cutânea, fluidificador do sangue, efeito solvente de gorduras, células adiposas e colesterol, inibidor da desidratação e crescimento microbiano, antimicrobiano, antivirótico, proteção contra carcinogênicos, inibidor de formação de tumores e sedativo (WOLFFENBÜTTEL, 2016).
Contra-indicações: fotossensibilização da pele que for exposta de forma prolongada ao sol após receber aplicação deste óleo essencial, portanto deve-se aguardar de 5 a 6 horas antes de se expor ao sol. Sempre utilizar diluído pois pode ser irritante da pele se usado puro.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de estudos científicos ou revisões bibliográficas publicados em artigos de revistas, monografias ou em dissertações de mestrado, bem como nos livros e outros materiais consultados. Classificamos os estudos por ações ou indicações do óleo essencial. Existem muitos estudos que não foram citados, pois optamos por somente citar estudos realizados in vitro, ou em humanos.
Anti-inflamatória:
Estudo publicado em 2003 e citado em Rhind (2019) mostrou que este óleo essencial tem efeito inibidor sobre a enzima 5-lipoxigenase. Os inibidores da araquidonato 5-lipoxigenase (5-LOX) são compostos capazes de reduzir ou bloquear a ação desta enzima que é responsável por produção de leucotrienos. A superprodução de leucotrienos é uma das causas majoritárias de inflamação em pacientes com asma e rinite alérgica.
Antimicrobiana (antibacteriano, antifúngico):
Publicado por Fazio et al (2018), um estudo avaliou o efeito de óleos essenciais cítricos utilizados sozinhos ou em misturas sobre os seguintes microorganismos: Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Salmonella Typhimurium, Salmonella Enteritidis e Staphylococcus aureus. O óleo essencial de limão demonstrou atividade antimicrobiana eficiente sobre todos os microorganismos testados.
Um estudo apresentado em 2012, teve o objetivo de avaliar o efeito do óleo essencial de Citrus limon contra cepas de Acinetobacter multidrogas resistentes. Espécies do gênero Acinetobacter tiveram envolvimento frequente em infecções graves e com resistência microbiana nos últimos anos. Os resultados sugeriram que este óleo essencial pode inibir o crescimento de espécies de Acinetobacter e poderia ser utilizado como fonte de metabólitos modificados da atividade antibacteriana, com o intuito de serem utilizados como coadjuvantes na terapia antimicrobiana para este patógeno (GUERRA, 2012).
Em 2017, foi publicada uma revisão bibliográfica integrativa, de artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais com o objetivo de pesquisar óleos essenciais que apresentavam atividade inibitória sobre espécies de Malassezia spp. Esta é uma levedura lipofílica, que habita a microbiota da pele humana e de diversos animais homotérmicos, geralmente causando diversas infecções fúngicas, ocorrendo mais frequentemente em pacientes com imunidade diminuída e se caracterizando com uma variedade de doenças dermatológicas. Dentre os óleos essenciais avaliados, observou-se que o óleo essencial de Citrus limon a 8% foi ativo em 65% das cepas, além de apresentar baixa toxicidade, podendo portanto ser utilizado em produtos de origem natural como uma nova terapêutica para o tratamento de infecções fúngicas (NÓBREGA, 2017).
Antiviral:
Em um estudo publicado em 2008 que foi citado por Buckle (2019), o óleo essencial de limão apresentou efeito de inibição na replicação do vírus da herpes simples HSV1 e HSV2.
Atividade antioxidante:
Em estudo publicado em 2013 foi avaliada a efetividade do óleo essencial de limão no controle da peroxidação lipídica induzida por radicais livres e a prevenção de danos aos tecidos da pele. A atividade sequestrante do ânion superóxido de óleos essenciais de Citrus limonum foi avaliada e os resultados mostram que o óleo essencial teve ação mais eficaz do que α-tocoferol como antioxidante, em estudos realizados tanto in vitro como in vivo (BERTUZZI et al, 2013).
Estudo publicado em 2017 avaliou a atividade antioxidante e antimicrobiana do óleo essencial de limão, in vitro e em alimentos. Este estudo indicou que o óleo essencial de casca de limão pode ser usado como um potencial antimicrobiano natural, bem como agente antioxidante na indústria alimentar (MOOSAVY et al, 2017).
Outro estudo publicado em 2017 avaliou a atividade antioxidante do óleo essecial de limão, onde a capacidade do óleo essencial de C. limon de extinguir espécies reativas pela doação de hidrogênio (íons H +) foi medida através do ensaio de atividade de eliminação de radicais DPPH, sendo usado como controle positivo o ácido ascórbico. Os resultados demonstraram que na concentração de 284,71 μg ml-1 o oleo essencial teve atividade semelhante ao ácido ascórbico na concentração de 100 μg.ml-1 (GHOORCHIBEIGI et al, 2017).
Cognição:
Segundo estudo publicado em 2014 o óleo essencial de limão pode inibir a enzima colinesterase, exibindo assim potencial para melhorar a cognição (RHIND,2019).
Colesterol:
Estudos sugerem que o limoneno dos óleos essenciais cítricos, quando utilizado como suplemento alimentar, pode contribuir na melhora da esteatose hepática (fígado gorduroso), combater a obesidade, baixar o colesterol e triglicérides elevados, controlar a hiperglicemia, além de prevenir a oxidação do colesterol tratando da ateroesclerose. Neste artigo todas estas ações citadas estão apoiadas em inúmeros estudos publicados no mundo todo e devidamente referenciados. Além disso o artigo ainda apresenta dois relatos de casos, um para tratamento de gordura do fígado e outro de aterosclerose (LASZLO,2014).
Doenças degenerativas:
Neste artigo foi debatido um estudo publicado em 2015 sobre óleos essenciais com ação de proteção contra o alumínio. O alumínio pode estar envolvido no aparecimento da doença de Alzheimer, pois a oligomerização da proteína b-amiloide e sua neurotoxicidade são cruciais para o surgimento desta doença. Foi descoberto que o alumínio aumenta esta oligomerização e que sua ingestão pela água, bebidas enlatadas, alimentos cozidos em panelas de alumínio ou vindo de desodorantes, é um fator de risco para o aparecimento desta doença. Além disso, o alumínio pode acumular-se no sistema nervoso causando disfunção e neurotoxicidade. No caso do alumínio, o óleo essencial de limão siciliano, seguido do óleo essencial da rosa de damasco foram os dois óleos mais eficientes em proteger neurônios de serem danificados pela toxicidade deste metal. Assim, sabendo do papel do alumínio na patologia da doença de Alzheimer, o uso dos óleos essenciais de limão siciliano ou rosa via inalação seriam opções positivas para controle do avanço desta doença (LASZLO,2016).
Larvicida:
Em estudo publicado em 2005 foi avaliado o efeito larvicida contra A. aegypti de dez óleos essenciais, dentre eles o óleo essencial de limão siciliano. O resultado demonstrou que todos os óleos essenciais testados apresentaram atividade larvicida contra A. aegypti (FURTADO et al, 2005).
Náuseas:
Em estudo publicado em 2011 e citado por Buckle(2019), foram utilizados inaladores nasais contendo uma mistura de óleos essenciais de hortelã pimenta e limão para reduzir náuseas em pacientes tratados com quimioterapia no Christie Hospital, em Manchester, Reino Unido. Dos 160 pacientes que utilizaram os inaladores, 47% tiveram resultados positivos, ou seja, conseguiram resolver o problema das náuseas.
Rinite:
Um estudo publicado em 2012 e citado neste artigo testou uma associação de óleos essenciais: cascas de limão, ravensara aromática e niaouli adicionados a uma base que continha suco de aloe vera e própolis. Esta associação foi testada em um estudo clínico no qual cem pessoas com rinite foram recrutadas para uso durante um mês. No estudo o muco nasal foi coletado e analisado em microscópio e verificou-se que depois da aplicação do spray nasal houve uma redução dos eosinófilos, granulócitos e mastócitos, além de os dados clínicos serem confirmados pela melhoria do quadro dos pacientes. Assim, neste estudo, o spray nasal à base de óleos essenciais de limão, niaouli e ravensara se mostrou uma eficiente alternativa no tratamento de rinite perene e sazonal de fundo alérgico ou vasomotor (LASZLO, 2015).
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Referências bibliográficas:
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
BERTUZZI, G. et al. Antioxidative Action of Citrus limonum Essential Oil on Skin. European Journal of Medicinal Plants, 3(1): 1-9, 2013.
BUCKLE, Jane. Aromaterapia Clínica: óleos essenciais no cuidado da saúde. Tradução de Maurício Gaggero. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
CLARKE, Sue. Química essencial para aromaterapia. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2020.
FARRER-HALLS, Gill. A Bíblia da aromaterapia: o guia definitivo para o uso terapêutico dos óleos essenciais. Tradução de Denise de Carvalho Rocha. 1ª ed. São Paulo: Pensamento, 2015.
FAZIO, M. L. S. et al. Ação antomicrobiana de óleos essenciais de laranja 5F, laranja 10F, limão siciliano e mandarina verde. Revista Interciência IMES Catanduva - V.1, Nº1, dezembro 2018.
FURTADO, R. F. et al. Atividade Larvicida de Óleos Essenciais Contra Aedes aegypti L. (Diptera: Culicidae). Neotropical Entomology 34(5):843-847, 2005.
GHOORCHIBEIGI, M. et al. Chemical Composition and Radical Scavenging Activity of Citrus limon Peel Essential Oil. Oriental Journal of Chemistry, Vol. 33(1), 458-461, 2017.
GUERRA, Felipe Queiroga Sarmento. Atividade antibacteriana do óleo essencial de Citrus limon frente cepas multidroga resistentes do gênero Acinetobacter. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, 2012.
Guia Prático de Aromaterapia. 2ª edição on line 2019. Disponível em https://terra-flor.com/loja/ebooks/guia-pratico-de-aromaterapia-2a-edicao/. Acesso em 14/05/2020.
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LASZLO. Óleos essenciais para demências como o Alzheimer e sua interação com o alumínio e zinco. Jornal de Aromatologia. Belo Horizonte, p.7. nov. 2016.
LORENZI, H. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa, SP:Instituto Plantarum, 2008.
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NÓBREGA, Luara Kátia de Souza. Óleos essenciais com efeito sobre malassezia spp: uma revisão integrativa. Monografia (Curso de Graduação em Farmácia). Centro de Educacação e Saúde. Universidade Federal de Campina Grande. Cuité, 2017.
RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
WOLFFENBÜTTEL, Adriana Nunes. Base da química dos óleos essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e científica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
Por Edna Caliari Boni em 01/03/2021