As diferentes espécies de Lavandas e seus óleos essenciais
Saiba a diferença entre as principais espécies, suas indicações e contraindicações
Existem diferentes espécies de lavandas e assim diferentes óleos essenciais obtidos das mesmas. Eles possuem diferentes composições químicas e consequentemente diferentes efeitos terapêuticos. O óleo essencial das lavandas é obtido através da destilação por arraste de vapor, sendo utilizada toda parte superior da planta e não somente as flores.
A lavanda é uma espécie que pertence à família botânica Lamiaceae. O gênero Lavandula possui cerca de 47 espécies, sendo algumas delas utilizadas na aromaterapia.
São plantas herbáceas, pequenos arbustos perenes, onde o formato das folhas varia dependendo da espécie, porém geralmente são cobertas por minúsculos pelos (tricomas), ricos em moléculas aromáticas. As flores nascem em espirais nas pontas dos ramos e podem variar sua coloração de um azul prateado até um lilás bem vivo.
Apresentamos a seguir as principais espécies de lavanda das quais são obtidos os óleos essenciais que encontramos no mercado.
A Lavandula angustifolia, sinônimo botânico Lavandula officinalis, é chamada de lavanda francesa, lavanda verdadeira, lavanda fina, lavanda Maillette, lavanda russa entre outros nomes, dependendo muitas vezes do local de origem da planta destilada. É uma espécie que ocorre naturalmente em regiões mais altas, acima de 800 metros de altitude e é nativa da região do Mar Mediterrâneo. Seu tamanho é menor em relação a outras espécies, possui apenas uma flor em cada ramo, com uma coloração lilás azulada, bem viva.

A Lavandula dentata é chamada apenas de lavanda ou ainda de lavanda brasileira pois floresce no Brasil e é a lavanda que encontramos nos jardins do nosso país. É uma espécie nativa do Mediterrâneo, algumas ilhas do Atlântico e da Península Arábica. Sua característica principal são suas folhas que possuem a borda dentada.


A Lavandula latifolia é chamada na aromaterapia de lavanda spike. É mais sensível ao frio, por isso prospera em regiões mais baixas, crescendo desde o nível do mar até no máximo 800 metros de altitude. Possui como característica folhas mais largas e possui em cada ramo 3 flores, que se dispõe em formato de tridente. É uma planta mais alta e a coloração de suas flores é um lilás mais pálido, prateado.



A Lavandula stoechas chamada na aromaterapia de lavanda estoeca ou lavanda espanhola, cresce no Sul da França e Norte da África. É um arbusto muito ramificado que chega a um metro de altura e suas flores se apresentam em forma de pseudoespigas densas (formato parecido com uma borboleta) com fragrância bem diferente das outras lavandas.

Por fim o Lavandin (Lavandula x hybrida ou Lavandula x intermedia) é o cruzamento de duas epécies de lavanda: a Lavandula angustifolia e a Lavandula latifolia. Esse cruzamento se deu naturalmente por conta do polinizador da lavanda, a abelha, que ao fazer a polinização das plantas em altitudes próximas de 800 metros acabaram coletando o pólen de uma espécie e o depositaram na outra espécie, gerando assim esse híbrido. A planta se parece mais com a Lavandula latifolia (lavanda spike), sendo mais alta e com formato de tridente, mas as flores possuem uma coloração mais parecida com a Lavandula angustifolia (lavanda verdadeira). Por conter características de ambas as espécies, o Lavandin se adapta tanto em regiões mais altas, quanto em áreas mais baixas, mas por ser uma espécie híbrida, só pode ser propagado através de mudas, obtidas através de estaquia, não podendo ser propagado por sementes. Esse híbrido natural deu origem a uma série de clones mais ou menos diferentes por certas nuances olfativas. Encontramos os clones: super, grosso, sumian, abrial, reydovan. Por isso é comum as descrições dos óleos essenciais de lavandin ter a informação do clone, daí encontramos: lavandin grosso, lavandin super, etc.
Composição Química
Apresentamos uma tabela com os principais componentes químicos de cada tipo de lavanda, assim podemos observar como há variação de composição conforme a espécie de lavanda. Salientamos que são valores aproximados pois pode haver variação dependendo do local de cultivo e outros fatores. Existem muitos outros componentes que fazem parte das composições químicas, porém focamos nos principais, para demosntrar a diferença de composição do óleo essencial de cada espécie.

Propriedades terapêuticas e ações:
Lavanda verdadeira (Lavandula angustifolia, Lavandula officinalis):
- Antiespasmódico potente, auxiliando no combate a espasmos e cólicas.
- Hipotensor: é um regulador cardíaco, “acalmando” o coração e auxiliando em casos de hipertensão.
- Calmante, relaxante, sedativo sendo utilizado para estresse, ansiedade, angústias, medos, insônia, pesadelos, auxiliando em casos de taquicardia e palpitação.
- Analgésico, anti-inflamatório sendo útil para dor e inflamação no tecido cutâneo e no sistema locomotor.
- Cicatrizante, antisséptico, sendo uma ótima opção para cicatrização de cortes, feridas e especialmente queimaduras.
- Útil nos cuidados da pele, eczema, acne, picada de insetos, micoses, alergias, escaras, insolação, herpes, frieiras.
Energeticamente uma de suas principais propriedades é a limpeza mental e energética. Possui uma delicadeza relaxante que apazigua o coração e inspira a calma e novas perspectivas. Dissipando a tensão, faz fluir uma energia espiritual maior através dos corpos sutis. Nos ensina sobre o equilíbrio e como viver no presente.
Lavanda brasileira (Lavandula dentata)
Pela sua composição rica em cânfora e eucaliptol possui excelentes propriedades descongestionantes e expectorantes das vias respiratórias, além de ser útil em dores musculares. Essa composição também nos mostra que esse tipo de lavanda não tem as propriedades sedativas da lavanda verdadeira, mas sim tende a ser mais estimulante do sistema nervoso.
Também possui efeito cicatrizante e para alívio de queimaduras
Em consulta a artigos científicos, as pesquisas e testes comprovaram as seguintes ações:
- antimicrobiana (bactérias e fungos), repelente de insetos, inseticida e antioxidante.
Lavanda Spike (Lavandula latifolia)
- Possui efeito expectorante e pode ser útil em casos de bronquite e asma.
- Analgésico, indicado para reduzir dores musculares e reumáticas, artrite, artrose, cãibras, promovendo o relaxamento.
- Antitóxico sendo usado tradicionalmente em picadas de insetos e animais venenosos (vespa, escorpião...).
- Anti-infeccioso de largo espectro podendo ser utilizado em infecções catarrais na esfera respiratória e em feridas infectadas.
-Cicatrizante, sendo útil em queimaduras recentes, acne.
- Possui uma natureza mais estimulante, devido a maior concentração de Cânfora. Essa característica pode ser útil em casos de depressão, tristeza ou fadiga mental.
Energeticamente traz clareza mental e auxilia a limpar os pensamentos.
Lavanda Espanhola (Lavandula stoechas)
- Mucolítico, útil em bronquite crônica e sinusite crônica.
- Cicatrizante, sendo utilizado em feridas, eczema, psoríase
Lavandin (Lavandula x hybrida, Lavandula x intermedia)
- Descontracturante muscular, anti-inflamatório e analgésico, contribui para o relaxamento da rigidez muscular cãibras e contraturas musculares.
- Antiespasmódico potente.
- Cicatrizante e emoliente, útil em dermatites e eczemas.
- Hipotensor, além de acalmar emoções, sendo útil em casos de hipertensão arterial, estresse, irritabilidade e problemas de sono.
A cor lilás das flores de lavanda, está associada ao chacra coronário, que é o centro de energia ligado a um propósito superior e a conexão espiritual. Na Antroposofia, as flores com esta coloração também estão associadas a uma busca por transcendência.
Contraindicações:
A presença de cetonas (cânfora, fenchona) neurotóxicas em concentração elevada proíbe seu uso em bebês, gestantes, lactantes, e pacientes neurologicamente afetados. O 1,8-cineol (eucaliptol) pode causar agitação ou sonolência, mas somente se for usado em doses exageradas. Deve-se, portanto, tomar cuidado no uso dos óleos essenciais de Lavandula dentata, Lavandula latifolia e Lavandula stoechas.
O óleo essencial de Lavandula angustifolia se usado corretamente, não apresenta contraindicação.
Quanto ao Lavandin (Lavandula x hybrida) deve-se tomar cuidado pois pode inibir a coagulação sanguínea e causar interação medicamentosa.
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Por Edna Caliari Boni em 01/08/2023