
Óleo essencial de capim limão (Cymbopogon citratus)
O capim limão também é conhecido por muitos outros nomes populares como: erva-cidreira, capim-cidreira, capim-cheiroso, capim-santo, capim-cidró. Na aromaterapia é muito utilizado seu nome em inglês “lemongrass”. É uma planta muito cultivada em quase todos os países tropicais e é muito comum nas hortas caseiras, além de ser muito usada na medicina tradicional. A seguir, propriedades e indicações terapêuticas, além de alguns estudos realizados com este óleo essencial. A abreviatura OE é utilizada para óleo essencial.
Composição: (pode haver pequenas variações)
Aldeídos terpênicos (60-85%): citral (geranial e neral)
Álcoois (10%): terpineol, borneol, geraniol
Ésteres terpênicos (5%): acetato de nerila
Propriedades terapêuticas: antimicrobiano (antifúngico e antibacteriano) e antisséptico pode ser usado no tratamento de pé de atleta e micoses. Calmante, relaxante e sedativo, auxilia em distúrbios do sono. Por ser vasodilatador leve, ajuda em estados hipertensivos. Se utilizado em dosagens menores diminui a dispersão e o esgotamento mental. É analgésico tópico, antinociceptivo e anti-inflamatório. Possui também ação imunoestimulante (preventiva) e antialérgica.
Contra-indicações: deve ser usado diluído pois se usado puro sobre a pele e mucosas pode causar irritação.
Estudos:
Apresentamos a seguir um breve resumo de estudos científicos ou revisões bibliográficas publicados em artigos de revistas, em dissertações de mestrado, bem como nos livros e outros materiais consultados. Classificamos os estudos por ações ou indicações do óleo essencial. Existem muitos estudos que não foram citados, pois optamos por somente citar estudos realizados in vitro, ou em humanos.
Ansiedade, nervosismo:
Em 2015 foi publicado estudo para testar o efeito do aroma do óleo essencial de capim limão sobre a ansiedade em humanos. Como resultado os indivíduos expostos ao aroma deste óleo essencial apresentaram redução da ansiedade-estado e da tensão subjetiva, imediatamente após a administração do tratamento, o que não ocorreu nos grupos controle. Ainda em outro teste, embora apresentassem uma resposta ansiosa à tarefa, recuperaram-se completamente em cinco minutos, ao contrário dos grupos de controle (GOES et al, 2015).
Em revisão bibliográfica publicada em 2014, com o objetivo de fazer levantamento bibliográfico da utilização dos óleos essenciais no tratamento do estresse, o OE de erva-cidreira (lemongrass) foi citado por suas propriedades terapêuticas e medicinais como sedativo usado para o nervosismo, além de ser antisséptico, adstringente, bactericida e diuréticos (PAGANINI & FLORES E SILVA, 2014).
Antimicrobiano (antifúngico, antibacteriano):
Buckle (2019), cita estudo publicado em 2008 o qual foi realizado pelo método disco-difusão, e como resultado o OE de capim limão foi eficaz contra MRSA (Staphylococcus aureus resistente a meticilina), sendo que o óleo essencial inibiu todas as cepas de MRSA. Também cita outro estudo de 2008 realizado in vitro no qual este óleo essencial inibiu a bactéria Clostridium difficile que é a causa mais comum de diarréia nosocomial (hospitalar). Com relação à atividade antifúngica deste óleo essencial, Buckle, também cita outros dois estudos: um de 1988 em que este óleo essencial foi eficaz contra o fungo Trichophyton mentagrophytes (fungo de pele), sendo o seu componente citral responsável pela ação antifúngica; e outro de 2007, em que o OE de capim limão também mostrou atividade antifúngica contra este mesmo mesmo fungo.
Em estudo publicado em 2010, foi demonstrado que o OE de capim limão(testado in vitro) na fase de vapor inibiu a bactéria Pseudomonas fluorescens e que poderia ser utilizado no controle bacteriano e na estabilização de alimentos(TYAGI & MALIK, 2010).
Em 2011 foi publicado um estudo acerca da ação do OE de capim limão sobre a bactéria Listeria monocytogenes, a qual causa listeriose que é doença transmitida por alimentos, e que apesar da baixa incidência possui elevada taxa de mortalidade, quando comparada às demais toxinfecções alimentares. Neste estudo conclui-se que os óleos essenciais de C. citratus e C. nardus constituem novas alternativas de antibacterianos naturais a serem utilizados no controle de L. monocytogenes na indústria de alimentos (OLIVEIRA et al, 2011).
Com o objetivo de avaliar a ação antibacteriana de alguns óleos essenciais, foi publicado em 2012 um estudo onde o OE de Cymbopogon citratus apresentou maior atividade antimicrobiana frente a E. coli e atividade moderada frente a Enterobacter sakazakii, Salmonella enteritidis e Listeria monocytogenes (VALERIANO et al, 2012).
Em 2012 foi publicada revisão sobre óleos essenciais antifúngicos onde o OE de capim limão contendo 76% de citral foi ativo contra várias cepas de Candida, especialmete a C. albicans (RHIND, 2019).
Em 2013 um estudo realizado in vitro, verificou a inibição de isolados clínicos dos microorganismos: Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA), Enterococcus resistente a vancomicona (VRE), Pseudomonas aeruginosa multirresistente, Escherichia coli produtora de ESBL e Klebsiella pneumoniae. Como resultado, foram observadas grandes zonas de inibição consistentes com os óleos essenciais testado, incluindo o de capim limão (WARNKE et al, 2013).
No estudo sobre os óleos essenciais de Lippia alba e de Cymbopogon citratus, publicado em 2015, ambos apresentaram atividade fungicida frente às cepas de Candida albicans (ATCC 10231), Candida tropicalis (ATCC 28707) e Candida parapsilosis (ATCC 22019), sendo que o óleo essencial de Cymbopogon citratus apresentou a melhor atividade (CORTEZ et al, 2015).
Em 2016 foi publicado no Jornal da Laszlo matéria em que a autora demonstra um estudo realizado por ela para avaliar e comparar a atividade antimicrobiana de quinze óleos essenciais (dentre eles o de capim limão) sobre diversos microorganismos. O óleo essencial de capim limão demonstrou grande porcentagem de inibição em diversos microorganismos: Staphylococus aureus ATCC29212 (92%), Staphylococus epidermidis ATCC12228 (91%), Pseudomonas Aeruginosa ATCC27853 (75%), Escherichia coli ATCC25922 (93%), Salmonella Thyphi ATCC14028 (82%) e Candida albicans ATCC18804 (81%).
Em 2017, foi realizada uma pesquisa bibliográfica integrativa, de artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais com o objetivo de pesquisar óleos essenciais com efeito sobre espécies de Malassezia spp., que é uma levedura lipofílica, que habita a microbiota da pele humana e de diversos animais homotérmicos. Geralmente, causa diversas infecções fúngicas, ocorrendo mais frequentemente em pacientes com imunidade diminuída, se caracterizando com uma variedade de doenças dermatológicas. Neste estudo foram descritos os óleos essenciais que apresentam atividade inibitória contra Malassezia spp. Dentre os óleos essenciais avaliados, observou-se que em um estudo pré-clínico o Cymbopogon citratus em todas as concentrações (0,25-8%) apresentou atividade contra Malassezia spp. Também em um estudo clínico este óleo essencial na concentração (1,25 µL/mL) apresentou segurança na formulação, além de apresentar baixa toxicidade (NÓBREGA, 2017).
Outras ações:
Anti-inflamatória e antialérgica: estudo realizado in vitro e publicado em 2014 demonstrou que este óleo essencial exerce forte atividade antialérgica e anti-inflamatória (MITOSHI et al, 2014).
Antioxidante e citotóxico: neste estudo publicado em 2013 para avaliar os efeitos do OE de capim-limão sobre células de melanoma, inicialmente foi avaliada a atividade antioxidante deste óleo essencial (pois o estresse oxidativo está muito envolvido na carcinogênese do melanoma) e o óleo essencial (concentração final de 1μl/ml) apresentou atividade antioxidante eficiente, quando comparada ao padrão antioxidante Trolox. Em seguida também foi observado que o OE de capim-limão foi capaz de produzir importante efeito citotóxico sobre as células de melanoma humano SK-MEL 147, revelado pelos resultados obtidos na curva de proliferação, viabilidade celular, redução de MTT, LDH e morfologia celular, enquanto não foi observado efeito citotóxico sobre os queratinócitos humanos normais HaCaT (VILLAVERDE et al, 2013).
Herpes: em Buckle (2019), foi citado estudo publicado em 2003 em que obteve-se efeito inibitório do OE de capim limão (testado in vitro) contra herpes HSV-1.
Imunoestimulante: em estudo publicado em 2013 e citado em Rhind (2019), é mencionada a ação imunoestimulante deste óleo essencial, a qual está relacionada à mudança do equilíbrio homeostático dos processos celulares opostos, devido à atividade anti-inflamatória do óleo essencial e do citral (composto majoritário).
Repelente: na matéria sobre óleos essenciais repelentes publicada no Jornal da Laszlo, foram citados estudos em que o OE de capim limão foi eficiente como repelente de pele contra C. quinquefasciatus (vetor da filariose e do vírus oropouche ) na concentração de 1.0, 2.5 e 5.0 mg/cm2 dando 100% de proteção durante 3, 4 e 5 horas respectivamente. Em óleo de oliva a 0,33 μg /cm2 o OE de capim limão mostrou proteção de 98,8% durante 170 minutos contra as picadas do C. quinquefasciatus, e contra o A. aegypt o capim limão na mesma dose no óleo de oliva só teve efeito por 10,5 minutos com cerca de 97% de proteção (LÁSZLÓ, 2016).
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Referências bibliográficas:
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
BUCKLE, Jane. Aromaterapia Clínica: óleos essenciais no cuidado da saúde. Tradução de Maurício Gaggero. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
CORTEZ, L. E. R. Avaliação da atividade antifúngica dos óleos essenciais de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown (Verbenaceae) e Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf (Poaceae). Revista Mundo da Saúde, v. 39, n. 4, p. 433-440, 2015.
GOES, T. C. et al. Effect of Lemongrass Aroma on Experimental Anxiety in Humans. The Journal of Alternative and Complementary Medicine, v. 21, n. 12, p. 766-773, 2015.
Guia Prático de Aromaterapia. 2ª edição on line 2019. Disponível em https://terra-flor.com/loja/ebooks/guia-pratico-de-aromaterapia-2a-edicao/. Acesso em 14/05/2020.
GUMBEL, Dietrich. Fundamentos da terapia holistica com óleos essenciais das plantas. Tradução de Ane Walsh. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
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LÁSZLÓ, F. Óleos essenciais repelentes contra o mosquito da dengue, zica e Chikungunya. Jornal de Aromatologia. Belo Horizonte, p.7. nov. 2016.
LORENZI, H. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas. 2ª ed. Nova Odessa, SP:Instituto Plantarum, 2008.
MITOSHI, M. et al. Suppression of allergic and inflammatory responses by essential oils derived from herbal plants and citrus fruits. International Journal of Molecular Medicine, v.33, n. 6, p. 1643-1651, 2014.
NÓBREGA, Luara Kátia de Souza. Óleos essenciais com efeito sobre malassezia spp: uma revisão integrativa. Monografia (Curso de Graduação em Farmácia). Centro de Educacação e Saúde. Universidade Federal de Campina Grande. Cuité, 2017.
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RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
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WOLFFENBÜTTEL, Adriana Nunes. Base da química dos óleos essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e científica. 2ª ed. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2016.
Por Edna Caliari Boni em 15/02/2021