Óleo essencial de Canela (casca)
(Cinnamomun cassia)
Existem diversas espécies de canela, porém neste artigo nos referimos a canela mais conhecida como canela da china ou cássia, que é a espécie mais espalhada e conhecida no mundo. A especiaria é obtida principalmente da casca dos galhos. Esta canela é originária do sudeste da China e da Indochina.
Composição do óleo essencial (componentes principais):
Aldeídos aromáticos (75% - 80%): aldeído cinâmico ou cinamaldeído
Fenóis aromáticos (5% - 6%): eugenol
Cumarinas (5% - 6%)


Propriedades e Indicações terapêuticas: potencial antimicrobiano de largo espectro de ação (antibacteriano, antivirótico, antifúngico, antiparasitário), antiputrefativo (que inibe a decomposição da matéria orgânica, em especial de proteínas, causada por microrganismos) sendo então indicado para todas as infecções bacterianas, viróticas, fúngicas, parasitárias em qualquer localização, bem como doenças infecciosas nosocomiais (infecções hospitalares), infecções e febres tropicais.
É hiperemiante (também chamados de termogênicos tópicos são substâncias que favorecem a microcirculação sanguínea levando um maior aporte de sangue para o local onde foram aplicados), sendo assim estimula a circulação, trazendo conforto as extremidades frias.
Tônico e estimulante geral, reenergizante geral para toda função com fraqueza sendo indicado para astenia (perda ou diminuição da força) profunda e depressão nervosa. Também é indicado para estimular a digestão e amenizar a fraqueza causada pela diarréia, bem como tem indicação para alguns problemas menstruais como amenorreia funcional e oligomenorreia.
Em matéria sobre óleos essenciais para o inverno, publicada no jornal da Laszlo, em 2013, a canela é citada por trazer energia e vigor, além de aquecer eliminando o frio, por ser vasodilatadora. É citada também juntamente com o gengibre para aliviar um problema agravado pelo frio, o reumatismo.
Também encontramos indicação como anti-inflamatório, pois o cinamaldeido tem marcante atividade anti-inflamatória, o que pode sugerir o uso em doenças inflamatórias crônicas e também atividade antineuroinflamatória, tornando-o um candidato ao tratamento de doenças neurodegenerativas (SA et al, 2014)
Contraindicações: não usar puro, sempre diluir na concentração de no máximo 10%, pois é cáustico para pele e mucosas. Não utilizar em crianças menores de 5 anos, nem em gestantes e lactantes.
Estudos:
Em uma revisão de literatura publicada por Figueiredo et al, em 2017 foram encontrados estudos publicados onde foi constatado que o componente principal do óleo essencial de canela, o cinamaldeído, possui muitas atividades com potencial farmacológico que contemplam atividade antimicrobiana, anti-inflamatória, angiogênica, cicatrizante, além de ser considerado de baixa toxicidade.
Acrescentamos ainda diversos estudos publicados que comprovam as principais atividades terapêuticas do óleo essencial de canela. Alguns dos estudos são sobre outras espécies de canela, porém que também tem como principal componente o cinamaldeído.
Antimicrobiana (antibacteriana, antifúngica)
Em 1999, Hoffmann et al, publicaram estudo que teve como objetivo determinar a atividade antimicrobiana "in vitro" de quatro óleos essenciais de condimentos e especiarias (canela, cravo, gengibre e menta) da mesma marca comercial, sobre vinte e um microrganismos (sete leveduras e quatorze bactérias). Com relação ao óleo essencial de canela, todos os microrganismos testados mostraram-se sensíveis a ele na concentração de 10% confirmando a sua eficácia como agente antimicrobiano.
O óleo essencial de canela também foi testado contra fungos Aspergillus flavus (que apresentam potencial para síntese de aflatoxina) isolados a partir da cultura do amendoim. O óleo foi ativo contra todos os isolados do grupo A. flavus testados (VIEGAS et al, 2005).
Em 2007 foi avaliada atividade antimicrobiana de alguns óleos essenciais, dentre eles o de canela frente a 60 amostras de Salmonella entérica de origem avícola. A atividade do óleo de canela sobre os sorovares de Salmonella enterica evidenciou suscetibilidade variável, indicando moderada atividade antibacteriana, sendo que quatro dos isolados testados (sorovares Derby, Infantis e Typhimurium) foram fortemente inibidos por este óleo essencial (SANTURIO et al, 2007).
Em outro estudo, foi testada a atividade antibacteriana de diversos óleos essenciais, onde verificou-se que o óleo essencial de canela foi o de maior eficiência sobre as linhagens de Staphylococcus aureus e Escherichia coli isoladas de casos clínicos humanos. Quanto a E. coli, os óleos essenciais de canela, cravo da índia e capim cidreira foram capazes de zerar a contagem ao final de 24 horas de experimentação, caracterizando assim o efeito bactericida destes óleos. No caso da S. aureus, o óleo de canela não apresentou eficiência considerável na redução da contagem de células viáveis, o que caracterizou então efeito bacteriostático, quando comparado ao teste controle (SILVA et al, 2009).
Em 2013 foi publicado estudo sobre a eficiência dos óleos essenciais de canela (cinamaldeído: 67,58%) e cravo da índia na inibição de microorganismos. Foram utilizadas cepas de Escherichia coli ATCC 11229, salmonella sp. ATCC 13314, Staphylococcus aureus ATCC 14458 e Listeriamono cytogenes ATCC 7644, obtidas da coleção de micro-organismos de referência da Fundação Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro, Brasil). Os óleos essenciais testados mostraram-se mais eficientes que o hipoclorito de sódio, na inibição das bactérias em estudo, utilizando-se o método da microdiluição. Assim, concluiu-se que é possível aplicar os óleos essenciais como princípios ativos desanitizantes, em função de menores concentrações necessárias para a inibição microbiana (BERALDO et al, 2013).
Em 2016 foi publicado no Jornal da Laszlo matéria em que a autora demonstra um estudo realizado por ela para avaliar e comparar a atividade antimicrobiana de quinze óleos essenciais (dentre eles o de canela) sobre diversos microorganismos. O óleo essencial de canela demonstrou grande porcentagem de inibição em diversos microorganismos: Staphylococus aureus ATCC29212 (91%), Staphylococus epidermidis ATCC12228 (98%), Pseudomonas Aeruginosa ATCC27853 (92%), Escherichia coli ATCC25922 (92%), Salmonella Thyphi ATCC14028 (93%) e Candida albicans ATCC18804 (81%).
Em estudo publicado em 2017 o óleo essencial de canela demonstrou ação antioxidante significativa e ação antibacteriana contra todas as amostras de Corynebacterium ulcerans que é um patógeno emergente em vários países, inclusive no Brasil, e está envolvido em diversos quadros clínicos, incluindo a difteria (VIANA et al, 2017).
Em dissertação de mestrado, publicada em 2019, foi realizado um estudo que visou avaliar o efeito antifúngico de óleos essenciais de cravo, canela e louro sobre os bolores de pães de forma integrais através de testes in vitro, in situ e em embalagem ativa biodegradável. O óleo essencial de canela apresentou efeito significativo na inibição do crescimento in vitro de fungos isolados de pães de forma integrais e seu uso em filme otimizado também apresentou inibição satisfatória no desenvolvimento de bolores in vitro, mantendo-se viáveis as propriedades físicas e mecânicas das embalagens, sendo então concluído que os óleos essenciais estudados apresentaram potencial para aplicação como conservantes naturais em pães de forma integrais (SILVEIRA, 2019).
Anti-inflamatória
Em pesquisa realizada em Taiwan e publicada em 2012 foi estudada a ação anti-inflamatória do óleo essencial de canela, onde foi demonstrado que o aldeído cinâmico tem excelentes atividades anti-inflamatórias e, portanto, tem grande potencial para ser usado como uma fonte de produtos naturais para a saúde. (LIAO et al, 2012)
Referências:
BAUDOUX, Dominique. O grande manual da aromaterapia de Dominique Baudoux. Tradução: Mayara Correa e Castro. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2018.
BERALDO, C. et al. Eficiência de óleos essenciais de canela e cravo-da-índia como sanitizantes na indústria de alimentos. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 43, n. 4, 436-440, out./dez. 2013.
BUCKLE, Jane. Aromaterapia Clínica: óleos essenciais no cuidado da saúde. Tradução de Maurício Gaggero. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
FARRER-HALLS, Gill. A Bíblia da aromaterapia: o guia definitivo para o uso terapêutico dos óleos essenciais. Tradução de Denise de Carvalho Rocha. 1ª ed. São Paulo: Pensamento, 2015.
FIGUEIREDO, C.S.S.S et al. Óleo essencial da Canela (Cinamaldeído) e suas aplicações biológicas. Rev. Investig, Bioméd. São Luís, 9(2): 192-197, 2017.
Guia Prático de Aromaterapia. 2ª edição on line 2019. Disponível em https://terra-flor.com/loja/ebooks/guia-pratico-de-aromaterapia-2a-edicao/. Acesso em 14/05/2020.
HOFFMANN, F. L. et al. Determinação da atividade antimicrobiana “in vitro” de quatro óleos essenciais de condimentos e especiarias. B.CEPPA, Curitiba, v. 17, n. 1, jan./jun.1999.
LASZLO. Aromaterapia para o inverno. Jornal de Aromatologia. Belo Horizonte, p.3. jun. 2013.
LASZLO. Atividade antimicrobiana comparativa de vários óleos essenciais por Maria Fernanda Macedo Gomes. Jornal de Aromatologia. Belo Horizonte, p.5. nov. 2016.
LIAO, J. et al. Anti-Inflammatory Activities of Cinnamomum cassia Constituents In Vitro and In Vivo. Hindawi Publishing Corporation Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine Volume 2012, Article ID 429320, 12 pages.
RHIND, Jennifer Peace. Sinergias Aromáticas: Aprendendo a combinar corretamente os óleos essenciais. Tradução de Renata Maria Badin. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.
SA, R.C.S. et al. A review on the anti-inflammatory activity of phenylpropanoids found in essential oils. Molecules, v.19, n. 2, p. 1459-1480, 27 jan.2014.
SANTURIO, J.M. et al. Atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de orégano, tomilho e canela frente a sorovares de Salmonella enterica de origem avícola. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.3, p.803-808, mai-jun, 2007.
SILVA, M.T.N. et al. Atividade antibacteriana de óleos essenciais de plantas frente a linhagens de Staphylococcus aureus e Escherichia coli isoladas de casos clínicos humanos. Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.11, n.3, p.257-262, 2009.
SILVEIRA, M.P. Desempenho antifúngico de óleos essenciais de canela, cravo e louro em bolores de pães de forma integrais. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Diamantina,2019.
VIANA, P. R. S. et al. Potencial antioxidante e antibacteriano contra Corynebacterium ulcerans do óleo essencial de canela. Revista Ceuma Perspectivas, Edição Especial, V Congresso de Saúde e Bem Estar Ceuma. Vol. 30, nº02, 2017.
VIEGAS, E.C. et al. Toxicidade de óleos essenciais de alho e casca de canela contra fungos do grupo Aspergillus flavus. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.4, p.915-919, out-dez 2005.
Por Edna Caliari Boni em 01/02/2021